(Clan)destino
As mãos estão frias. Se lembra bem, já fazem dez anos o dia em que se viram pela última vez. As mãos estão geladas, como se o sangue bombeado pelo coração fosse ineficaz em sua função biológica.
Vinte e dois anos fazem desde quando tudo começou, na travessia da infância. Essa lembrança agora era um filme bom que passava pela janela do carro, refletido nas folhas verdes das árvores, que sorriam em cumplicidade para ela.
Daqui a pouco, chegará ao destino. Dez anos e a sensação de que o tempo foi fatiado em trinta minuto ainda parece muito.
Finalmente chegou! E a música era a certeza...a foto... a guitarra.
Pernas desobedientes caminhavam trôpegas na direção Dele... e dessa vez o vento fez-se amigo, guiando um corpo flutuante ao encontro de dez anos antes.
Mãos gélidas, um toque, um beijo igualmente macio, como outrora. Volto logo, ele disse.
E voltou... E tudo aconteceu pela primeira vez. O amor! Amor que, de tão sincero e puro, não cabe nas palavras.
Dois corpos nus se tornaram um só, contra tudo e contra todos! Um encontro de almas.
Momento inesquecível, que de tão surreal, faz duvidar da memória. Momentos que serão levados para sempre em cada poro do corpo.