SONHO BEM HUMORADO

Mai uma noite repleta de sonhos curiosos, imagens e cenas que nem se imagina de onde seriam... nesta quinta-feira me vi numa calçada encharcada de chuva inexistente, o leito da rua parecendo um rio de lama. De repente, no meio da "cachoeira" surge um sacerdote, caminhando em minha direção e na de um negro gordo, sentado dentro d'água, se divertindo. Ao chegar ao meu lado reconheço no padre o humorista Nelson Freitas -- é, esse mesmo das antológicas cenas com Maria Clara Gueiros... "chupa essa manga"! -- que resolve tirar a batina ensopada. Não, não ficou de cueca... estava vestido com um "bode", digo, "body", quase um "maiô", aquela roupa colante dos atletas de luta livre.

Era verde-bandeira, verde-folha, "verde-cheguei"... um espanto e deixava o jovem Nelson muito ridículo, "pele e osso simplesmente, / quase sem recheio". Ousei perguntar-lhe o que êle achava dos humoristas modernos, os atuais do tal "stand up". Devolveu-me a pergunta... "quem, por exemplo ?!" Ainda no sonho, na hora só lembrei de um, com nome de avião a jato e me parece que com 100 MILHÕES de seguidores nessa sandice chamada Internet. Nelson fez "blague":

-- "O sujeito tem tanta consoante no nome que quase "gasta" o alfabeto inteiro" !

Resolvi provocá-lo, perguntando-lhe quando os antigos humoristas puderam arrendar um transatlântico para fazer um show de humor. Retrucou meio irritado que eram outros tempos, a Censura não deixava ninguém trabalhar, lotar um teatro só por milagre, impedimentos por idade, cerceamento dos temas, fiscal censor na platéia e todo tipo de dificuldade infernizava a vida dos grandes humoristas daquela época. A maior parte largou os shows -- só prejuízos -- migrando para o Rádio e os programas de TV. O sonho findou aí... não vou inventar "final bonito" ou recriar um Passado que pouco vivenciaram, mas é preciso fazer justiça aos que -- no Brasil -- são os "pais" (e "tios") do tal "stand up comedy".

Em primeiro lugar TODOS os que fizeram discos de piada naqueles tempos -- boa parte PROIBIDOS para menores e quase todos CENSURADOS -- e quem atuou em programas de Rádio, como o "A Turma da MARÉ MANSA" (loja popular de roupas, no Rio) entre 1968 e o início dos anos 70, tendo "Zé Trindade" à frente de numerosos elenco. Além desses, Juca Chaves e Chico Anísio, Costinha e Golias, Jô Soares e Castrinho, Miéle e Zé Vasconcelos, "Coroné Ludugero" e Ary Toledo... para ficar só nesses ! Fora êles, há duplas sertanejas antigas (que gravaram piadas entre canções típicas) e inúmeros "casais" fizeram a alegria dos radiouvintes e telespectadores, a começar por "Vittório & Marietta", nos anos 50/60, que migrou do Radio para a TV e fez até discos de pada... boa parte pode ser ouvido (e visto) no fantástico YOUTUBE.

Por não ser exatamente "stand up" deixo de fora todo o pessoal que fez cinema nos anos 50/60 do século anterior, as "chanchadas" da Atlântida (Oscarito, Dercy Gonçalves, Grande Otelo, o solitário Mazzaroppi, Wilson Grey, etc) até a "galera" das pornochanchadas, chegando ao tempo dos "Trapalhões". Na TV inúmeros quadros satíricos com excelentes atores e atrizes, por serem do tipo "piada pronta", texto decorado que não permite improvisações, estão fora do contexto do "estilo".

Mesmo assim vale citar os mais antigos, desde "LILICO" e seu tambor... "vamos acabar com esse negócio" ! O mendigo que só conhecia ricos e a velha surda do impagável Rony Rios, mais "Catifunda" e seu charutão, os eternos "Vera Verão" e o "Jeca Gay" de Moacir Franco -- esses na saudosa 'Praça da Alegria", hoje "A Praça é Nossa", no SBT -- até os diversos e geniais humoristas que povoaram a TV Globo, desde o 'Balança mas não Cai" ao "TV Pirata", "Viva o Gordo" e "Zorra Total", fora "Chico Anísio Show" e a insuperável "Escolinha do Prof. Raimundo". Onde entra o tal... "Uín" ?! Quem ? Deixa prá lá !

"NATO" AZEVEDO ( em 30/maio 2019, 20hs)