PRA QUEM ME FEZ MAL

Quem me fez mal se lambuza de rimas,

encara meus olhos sem remela,

cheira meu cheiro sem engasgar.

Quem me fez mal agora está feliz,

missão cumprida, caso encerrado,

esmigalhou meus ossos e agora gargalha,

desacampou minha alma e agora banqueteia.

Quem me fez mal esqueceu sua valsa,

deixou ao relento mil galopes de xeique,

fez rodopiar Deus até demenciar sua voz,

deu porre nos ventos até enlouquecerem de vez.

Quem me fez mal dorme encolhido numa soleira qualquer,

perdeu seus gingados, seus foliões, seus dentes,

hoje titubeia diante de um inseto qualquer,

hoje tenta reatar seus trecos surrados, em vão,

hoje espera meu abraço de irmão, que nada.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 01/06/2019
Reeditado em 01/06/2019
Código do texto: T6661933
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.