Cada escolha tem seu vexame
Namorar uma mulher nada a ver, ser traído e sofrer um golpe financeiro é tão contraditório quanto casar na igreja com uma mulher, fazer três filhos com ela e cair nos braços de uma azinha qualquer. Quanto um pai que joga quatro filhos no lixo da história. Quanto ser homossexual. Quanto ver seu primo casando com sua prima. Quanto um filho de dois professores largar os estudos. Quanto a mesma filha e irmã de médicos psiquiatras abandonar a psicologia e morar numa ilha para se esconder dos problemas da vida. Quanto fumar maconha quando está jogando baralho. Quanto a mulher que faz tudo certo na vida e vê seu casamento naufragar. Quanto cair na farinha, ficar grávida e fazer um aborto. Quanto construir casas numa chácara onde a família não frequenta. Quanto fazer o namorado de ponte transando com ele em troca do pagamento da faculdade de fisioterapia. Quanto fazer bacalhoada de aniversário no sábado e uma prima mala sem alça e cara de pau pedir para seu pai fazer um churrasco no dia seguinte. Quanto um homem casado trair sua esposa com uma garota de programa. Quanto uma mulher trair seu marido com vários caras. Quanto uma velha louca que gasta o dinheiro do seu falecido marido que não amava com um monte de badulaque que não presta para nada. Quanto resolver o problema da violência nas escolas armando os professores. Quanto fazer uma reforma trabalhista que tira o direito dos trabalhadores e uma reforma previdenciária que tira sua aposentadoria e sua seguridade social. Quanto dar um golpe institucional e dizer que está cumprindo a Constituição Federal e fazendo democracia. Quanto a chapa Dilma e Temer. Quanto votar no Bolsonaro para Presidente da República. Cada escolha tem sua contradição, seu vexame, seu fracasso e sua perda. A vida é a arte de fazer merda. Cada um faz a sua.