ALEGRIA , É NOITE DE SÃO JOÃO!

ALEGRIA, É NOITE DE SÃO JOÃO!

Este inverno está chegando devagar e o último feriadão, o de Corpus Christi, encontrou as praias repletas, com temperatura agradável e sem vento. Até eu curti estes três dias de sol ameno.

Mas quero falar um pouco sobre as festas juninas. Gosto demais deste tempo. Dançar Quadrilha, puxar quadrilha, casamento na roça, canjica, pé de moleque, bolo de aimpim com coco, etc...

Lembro-me quando adolescente, no Condomínio do Cabuçu, de ir de porta em porta, pedindo dinheiro para a festa que fazíamos na rua Mar de Espanha. O Sr. Claudio, pai de Marisa e da Miriam, ensaiava os passos. Depois foi a vez do Sr. Vasco, pai da Mary. E eu aprendia tudo com eles. Quando eu já estava namorando o Antonio, eu me lembro que ele não gostava de participar. E mamãe me chamava a atenção: Como você vai dançar sem o Antonio? E eu respondia: é uma das coisas que eu mais gosto de fazer, e ele sabe disso. Não vejo mal algum. Seria tão bom se ele tentasse aprender.

Lembro-me, também, das festas juninas na casa da Vilela Tavares, especialmente de uma quando ainda estava em obras. Havia o nosso quintal grande com fogueira, barraquinhas, casamento dos filhos e sobrinhos pequenos e a quadrilha onde todos dançavam: papai, mamãe, Antonio, as crianças e os convidados. Tudo sem ensaio mas com muito afeto. Foi uma noite inesquecível! Isto aconteceu em 1973.

Depois, na casa da Padre Roma que aliás não era uma casa, era um apartamento tipo casa numa rua e que rua!... Chegou a ser homenageada em versos e prosa num artigo do Jornal do Brasil. Foram muitas festas. Começavam no nosso quintal, que aliás não era nosso, e continuava na rua. Todos eram convidados, o portão ficava aberto, bastava trazer um pratinho de alguma coisa, doce ou salgado.

A Quadrilha tinha de ser na rua. Dançavam todos, até criança de colo. Chegava a somar uns 40 pares. Muitas vezes muié com muié, homi com homi ou muié com criança, não importava. Tudo sem ensaio, mas com alegria e muita paixão. E o som preparado pelo Antonio com músicas nordestinas. Foram muitas ao longo de 10 anos. Ninguém as esquece até hoje.

Havia, também, as da Igreja São Tiago Apóstolo, as do Colégio Pedro II e as dos colégios dos filhos.

Na Barra da Tijuca, organizamos uma no Condomínio da Avenida das Américas onde até balão eu fiz e soltei.

Papai sempre fazia balões de uma folha, pequenos e com buchas de parafina preparadas por ele e que subiam e sumiam no céu límpido confundindo-se com as estrelas. O Clube Marina também fazia umas festas grandiosas. Depois chegou o tempo da Catequese e da Coordenação na São Francisco de Paula. Todos os anos éramos responsáveis pela animação da festa junina paroquial. E eu puxava a dança da Quadrilha e animava o casamento caipira bem como as brincadeiras e barracas. Foram, também, dez anos de atividades juninas.

Lembro-me do Curso de Integração à Caixa Econômica da qual eu era uma das organizadoras e na dinâmica de abertura, de apresentação do grupo, até dança da Quadrilha eu fazia o grupo dançar para descontrair. Era o maior barato!

Na Agência São Cristóvão da Caixa, quando lá trabalhei por seis meses, como gerente de núcleo, todos nós funcionários vestíamos à caráter, atendíamos os clientes com a agência enfeitada com bandeirinhas e lanternas e no fim do expediente o salão virava um arraial de verdade com barraquinhas improvisadas e eu puxando a quadrilha. O Gerente ficava admirado com a nossa animação mas ele mesmo não entrava na dança.

Já na Agência Barra da Tijuca, o gerente é que organizava tudo. Houve um ano que ele juntou a Agência Jacarepaguá com a nossa e fez o casório da noiva da Barra com o noivo de lá. E tudo fora da agência, pois havia muito espaço livre, em volta da agência.

Agora estou numa fase mais devagar. Há três anos não consigo participar das festas da Paróquia Santo Afonso, onde coordeno o grupo dos Coroinhas.

Em 2001 fui ao Sítio Cabuçu, em Campo Grande, com Zezé, Vó Bia e Antonio. Até dormimos lá. Tinha uma bela fogueira, muito espaço, um bom som mas pouca gente, pouca animação.

Mas hoje de manhã, véspera de São João, estava na cozinha fazendo o almoço, quando escutei uma voz gritando ao longe: “Olha a chuva! É mentira! Olha a cobra! É mentira! “ E meu coração bateu mais depressa e pensei onde será este ensaio? É possível que seja na Comunidade do Salgueiro, pois agora, eu mora pertinho deste lugar. Lá tem Escola, tem a Capela de São Sebastião, Então rezei baixinho, agradecendo a Deus por aquela pessoa, por sua alegria, por sua animação, por sua perseverança, porque apesar de todas as dificuldades está integrando as crianças e os jovens da sua comunidade, renovando a vida. E então com muita emoção, com lágrimas nos olhos e caneta na mão, revivi por uns instantes, numa folha branca de papel, todo o encanto e magia das noites de São João.

Terezinha, 23/06/2003

Terezinha Domingues
Enviado por Terezinha Domingues em 30/05/2019
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