A botinada
Mirthes chora azarada, lava a louça, esfrega a buchinha verde-amarela, limpa as lágrimas do rosto com as mãos molhadas e desabafa:
- Ah! Meus filhos! Meus negrinhos! Não têm emprego, não têm estudo, só um chinelinho verde-amarelo, roupa dada, camiseta verde-amarela furada!
Socados estão! Pilão soberbo, orgulhoso e prepotente!
Ah! Meus filhos! Meus negrinhos!Humildes! Pobrezinhos!Sem armas, sem ter feito nada, tomam botinada, tapa na cara, desculpe autoridade e boca calada!
Embora encurralados pelo crime, pela miséria e pela sociedade, lá estão eles, os três! Correndo atrás de uma bola verde-amarela emprestada e de uma vida zerada!
(Walter Sasso - Autor de "Sem Denise" e "Dobra Púrpura")