DIA DOS NAMORADOS
Quando se aproxima essa data, vem-me à memória dois acontecimentos não muito agradáveis que me aconteceram ao envolver emocionalmente com duas jovens. Isto há muito tempo, lá pela década de cinquenta. Tinha uns dezessete anos.
Naquele tempo era raro namoro ou casamento inter-étnico, isto é, um nikkey com uma brasileira.
Na classe , havia uma colega bem escura, quase negra. Auxiliava-a com redação. Até que acabou em namoro. Íamos ao cinema, andávamos de mãos dadas. Foi um verdadeiro escândalo. Membros da comunidade japonesa vinham alertar meus pais. Até que o meu patrão me chamou e intimou-me a terminar a relação. Acabamos numa boa. Anos mais tarde, ela convidou-me para ser padrinho de casamento no religioso.
Como em quase todas as cidades onde existia a comunidade japonesa, havia duas facões: uma fanática, dizia que o Japão tinha vencido a guerra; outra mais esclarecida, reconhecia a derrota. Muitos foram assassinados, por tal besteira. Milhares foram presos na Ilha Grande. Até hoje ainda existe vestígio dessa querela ,
Iniciei namoro com uma colega de classe, japonesinha. Para nós, pouco interessava saber em que facção pertencíamos. Mas ela era do lado ‘ que o Japão vencera’, contrário a minha. Certo dia, o pai dela, japonês enorme, com cara de pouca amizade, procurou-me no serviço e me fez o ultimato: ou deixava de namorar a filha dele ou ele me matava.
Às vezes, encontramo-nos em eventos. Mas nunca trocamos sequer uma palavra.