METIDO NA CASA DO CACHORRO!
Meados dos anos setenta do século passado, chega em Porto Alegre e assume o consulado de uma grande potência, um quarentão, trazendo seu cão São Bernardo, com talvez uns 80 kg.
O cão ganhou uma casa confortável, que para ser visitada por um humano, bastava curvar-se.
A chegada deu-se numa Primavera, assim por aproximadamente oito meses o São Bernardo preferiu dormir ao relento, excetuando-se os dias de chuva.
Já no final do outono, as temperaturas começaram a recrudescer e o animal recorreu ao abrigo, para enfrentar aso noites. Mesmo assim, durante os dias passeava livremente pelo pátio, tipo cão bonachão, daqueles que dá a própria cama para o melhor amigo!
De repente baixou o Inverno, sem muita conversa, ameaçando nevar.
Numa daquelas noites terríveis, o cônsul um pouco antes de recolher-se, deu uma olhada pela janela, para dar boa noite ao São Bernardo. Lá estava ele, sentado do lado de fora da casa tiritando de frio.
Abrigou-se e lá foi ele ver o que estava acontecendo e deparou-se com um par de coturnos para fora da casa, com o olhar acompanhou as canelas chegando até a altura do ventre do militar que dormia onde devia estar o pobre bicho, sobre o ventre estavam duas mãos entrelaçadas, numa típica posição de cadáver.
Retornando à casa o homem comunicou o ocorrido e não tardou a chegar ao local o Sargento de ronda, já trazendo o substituto para o dorminhoco.
Com a cama já aquecida, o cão pode refestelar-se pelo colchão e cobertor.
A soneca custou um castigo de quatro dias e detenção ao desatento, que deve ter dado graças a Deus, por não ter que explicar-se ao CPM.
Hoje vi-me numa situação similar, não a de dormir na casa do cachorro, mas por entrar dentro dela, na casa do Mingo, um American Staffordshire, que embora esteja beirando os 19 anos, algo incomum à raça, continua desafiando as previsão de expectativa de vida, que são 12 anos.
O nome dele nada tem a ver com o domingo, mas com uma adaptação da palavra amigo, assim de amigo ele virou Mingo.
Mas enfim, o que eu fazia dentro da casa dele?
- Segurava as tigelas para que ele pudesse comer e beber, sem necessitar sair do aconchego, pois negava-se.
A entrada na casa foi relativamente fácil, engatinhando, pois ela, nem de longe tem as dimensões da do São Bernardo.
Quando concluía a tarefa fui surpreendido, não pelo ronda, mas pela Tânia, que perguntou-me como eu faria para sair dali.
Voltei aos meus dois anos de idade e com as máquinas à popa engatinhei para fora.
Concluído o movimento, o danado, mesmo claudicante, saiu e foi fazer xixi. Ainda bem que ele deixou de levantar a perna, faz um ano.
Aos amigos o melhor de nossos esforços!