A garota de 15 anos vs o Rodolfo
Ela tinha só 15 anos e o mundo lhe levava a loucura com aquele rito de iniciação à terra.
Todos os dias, um desconvidado lhe acrescentava mais tarefas.
Sua mãe falava para depilar as pernas.
A colega de classe, mudar o penteado.
A professora, argumentava sobre como para aparentar vida, devia pintar os lábios.
A hidratação para os cabelos brilhantes. As bases e mousses para a pele radiante. Este salto vai melhorar sua altura. O corretivo é essencial para mascarar a assombrosa olheira escura.
Os pop-ups da internet lhe impunha milagrosas dietas, quando ela nem se sentia incomodada com o próprio peso. No entanto, não era o bastante. Aquela dobrinha na cintura era um desconhecido pesadelo.
E esta saia lhe deixa vulgar.
Esta camisa desleixada.
Para onde você pensa que vai, sem a cara maquiada?
E a cinta que conserta a postura. O creme de esfoliação. A calcinha que suspende a bunda e o maldito, apertado e comprimido sutiã.
Quando questionava, as revistas com garotas de borracha eram lhe esfregadas a cara como padrão. Quando ignorava, os discursos sobre como teria uma vida fracassada, excluída, infeliz, pois seria alvo certeiro da social exclusão.
Ela só tinha 15 anos, mas com as bonecas já não podia brincar.
Agora, como era uma mocinha, deveria se arrumar.
E o seu irmão mais velho, o Rodolfo?
Ah, ele é garoto.
Deve jogar bola depois da escola.