Camões e a Grande Beleza
No filme A Grande Beleza, o personagem Jep Gambardela é rico e querido pela alta sociedade romana. O terraço de seu apartamento dá de frente para o Coliseu.
Trinta anos atrás escreveu um livro de grande sucesso mundial e mais nada desde então.
Numa soirée onde alguns amigos da hight-sociaty estão acomodados no referido terraço, as banalidades que conversam chega ao enfadonho. Daí as sutis provocações passa a ser o mote da noite.
- E voce, Jep! Escritor de um livro só! Nunca te engajaste numa atitude politica e vives até hoje dos louros de um romance ultrapassado!
- Querida, tudo que tinha que escrever, escrevi trinta anos atrás. O livro teve aceitação por todas as camadas da sociedade mundial. Fiquei rico e só por hobby tenho uma editora.
- Mas, cadê o engajamento polotico? Voce leva uma vida blazé sem se importar com o próximo, mesmo aqui entre nós! Meus livros são vendidos aos milhares e alcancei esta posição não só pelos livros, mas pelo nome de minha familia em defesa aos desfavorecidos em toda parte do mundo. Tenho dezenas de prêmios em minha estante. Quantos voce tem?
- Olha só, voce nasceu em berço privilegiado. Sua família tem ramificações tradicionais no serviço público. És o protótipo da esquerdista caviar. Nunca fizeste uma caridade que não fosse ideológica e... usando o dinheiro público.Voces armaram os sindicatos e a mídia esquerdista para criar o mito da grande escritora. Teus livros repetem a ladainha de discursos de diretório universitário e são vendidos aos milhares às faculdades dominada pelo ranço esquerdista, onde, todos nós pagamos e sustentamos esse alto padrão de vida de vocês. No entanto, meu livro ainda vende bem. Sou convidado a fazer palestras nos mais heterogêneos lugares, ao contrário de sua palestras que se fixam na homogeneidade.
Nota do autor: Qualquer referencia não é mera coincidência.