LUIZA BRUNET – RONCA DEMAIS

São três da madrugada... e meu IPOD descarregou. Agora escuto ELA, roncando do meu lado como um trator. Como eu diria que o sexo é ruim (antes que você, leitor pervertido, me pergunte)? E também um amor. Bem, eu sou escritor. Não gastaria dinheiro comprando um IPOD, se não a amasse... E na cama existe algo de deslumbrante, como se sempre uma voz soprasse no meu ouvido na hora H:

“É a LUIZA BRUNET! É um manequim VIVO! É A RAINHA DA BATERIA! É uma extraterrestre peituda, na camaaaa... com vocêêêê... arghh!!!” (é, a voz no ouvido acaba passando mal sempre que fala comigo).

E então... eu respondo desdenhoso: “tá... mas... poxa... é que ela ronca.”. – E é isso, amigos... é verdade.

- Meu bem... – Eu sussurro meio sem jeito... acariciando suas costas.

- Oiii... môô... – Ela responde me olhando nos olhos, se espreguiçando e esbanjando uma beleza quase entorpecente.

Eu me lembro de tantas capas de revistas feitas pra matar de inveja todas as mulheres viciadas em Coca-Cola e Fastfood. Tantas as capas com ELA sorrindo, sempre com um ar de quem desceu diretamente do Olimpo... ai, ai... (E lhes dizer: na revista não tem um abre aspas informativo: “Só que eu ronco muito alto... viiiiu Rapazes?”. Claro que não).

Então, estamos num motel que custa 30 reais, (tirando, é claro: o tira-gosto). Mas é ela quem sempre paga tudo... Eu não sou um gigolô, afinal como dito lá em cima... eu amo a criatura... Mas ela é a rainha da bateria, ORA. O que posso fazer?? Isso dá dinheiro!! Escrever não dá... Estou a cada dia que passa conhecendo um pouco mais da Luiza. E penso o seguinte:

Se não dermos um jeito nesse ronco dela... Que me lembra mais o meu pai quando dorme no sofá... como iremos adiante com este relacionamento? Como é que fica sério? E CASAMENTO?! E sair sorrindo na capa da revista CARAS; deitado numa cadeira de praia, bebendo água de coco? Sem dormir direito?? COM OLHEIRAS??!

- É o ronco de novo... mô? – Ela pergunta dando uma risada marotinha.

- É, meu neném... Não consigo dormir. Faz favorzinho... vira de ladinn... Luiza?

DORMIU. Antes de eu terminar de falar... Ela SEMPRE faz isso... Agora tá aqui roncando, deitada de barriga pra cima... Fazendo bolhas de cuspe com o canto da boca. Uma cena assustadora... E lá vou eu de novo... Ler um livro, assistir um seriado...

“Na horizontal? Todo mundo fica igual”. - Dizem os malditos tarados em todos os botecos de Salvador e além.

ISSO É MENTIRA! Não acreditem! VÃO TRABALHAR!! A “Rainha da Bateria” é pesada... muito pesada, amigos... É muito peito, coxa, bunda, MUITO TUDO, pra eu ter que empurrar às quatro da madrugada. E, olha; Eu dou um empurrão, ela resmunga. Se acordar vai ser AQUELE barraco.

Pois É... A Luiza não é fácil não... Empurro novamente, ela fica de lado e finalmente para de roncar. Estou quase... quaaaase cochilando e ... opa. OPA! QUE CHEIRO É ESSE?!

- Droga, Luiza! O que você comeu naquele maldito camarim ontem?! – Eu falo em voz alta, perdendo a compostura.

- Ainnnn...!! Tinha lagosta, acarajé... Ih, Sei lá! Deixa eu dormir garoto, QUE SACÔÔ! - Fecha os olhos, puxando o lençol todo pra si, cheia de raiva... me deixando no frio.

Buzinando no meu juízo, estão todos os meus amigos, enchendo o meu saco... Sempre me recordando que é o pum da BRUNET que eu acabei de cheirar... E é o ronco da BRUNET que não me deixa dormir... E que vou passar a noite TODA com insônia e com frio, pois foi a BRUNEEEEEEEET... Que puxou meu lençol.

Enquanto eu? Sigo, noite em claro, citando o meu mestre Caetano Veloso, que sabiamente escreveu que:

"Uma mulher é sempre uma mulher, etc. e tal.".