REALIDADE DE CADA UM.
Charles Melman assevera que “O mundo virtual proporcionado pela internet faz sucesso por se tratar de um mundo lúdico”. É o famoso jogo, brinquedo, atividade destinada a esse objetivo, com leveza e sem muita seriedade. Cada momento tem sua abordagem pertinente, conveniente.
Por isso, acrescenta Melman, sob a lente psicanalista, “ali qualquer um pode viver uma série de vidas sucessivas sem nenhum compromisso definitivo”; sim, em frente aos variados aparelhos hoje nas nuvens em sentido real. Isto faz pensar nas nuvens como realidade que é na antena da aproximação e na ficção que possibilita.
E ocorre o pior como enfatiza o renomado observador da realidade contemporânea, à luz do computador: “As pessoas querem se distanciar da realidade porque ela implica sempre um limite. Além disso, a realidade requer uma identidade, um objetivo mais ou menos claro na vida, ao passo que esses exercícios virtuais não pressupõem nenhuma identidade, derrubando todos os limites de pudor e da polidez”.
Estamos diante de viver onirismos, contestar obviedades e admitir mesmo o que não gostamos para sermos simpáticos, aceitáveis.
Seria o exercício contumaz da mentira de nós mesmos, sobre a própria identidade, sua verdade interior, praticado o impulso irresistível da mentira pelo mitômano, que vive para uma irrealidade que não vive.
Não há melhor veículo contemporâneo que o computador para demonstrar as capilaridades dos sonhos.
Somos todos dependentes de nossas emoções, mas não tanto que possamos distorcê-las.
Todos devemos reverência à nossa individualidade altiva, sem o que somos caricaturas de nossa passagem, pobre ou rica em feitos tolos e sem sucessão memorial.A vida é sagrada como a nós concedida. Vivamos sua verdade.
A integridade é primor no diálogo com a consciência, e com a coerência.
Somos uma parcela da eternidade, nela existem os que se foram. Permaneceremos pelos que vieram; nossos filhos, netos e bisnetos na cadeia da ancestralidade.
Viemos da multidão pela estirpe do avito, avós de número incalculável, e para ela volveremos na multidão da descendência.
A questão da identidade humana é fato do qual não podemos escapar.
Somos descendentes de David e de Cristo.