Virou vício

Confesso que para mim escrever não é apenas uma mania de véio caduco, virou um vício. O interessante é que até os 30 anos eu não escrevia quase nada, a não ser a correspondência do banco onde trabalhava. Não escrevia nem cartas para amigos e parentes. As cartas que escrevia era a pedido de pessoas que não sabiam escrever e queriam mandar notícias para parentes que estavam longe, no sul.

Mas com o tempo fui ficando indignado com a situação politica e a falta de liberdade no país e então comecei a escrever cartinhas sintéticas, pixototinhas, para a seção "cartas dos leitores" dos jornais de Recife. Detalhe: quando publicavam eu recortava e ia colocando em papel ofício e guardando numas pastas. Eu possuía, antes que a família jogasse fora todos os papéis velhos, várias pastas com essas cartinhas. Chose loque admito, mas eu gostava das pastas, era uma prova que dei minha contribuição ao debate democrático.

Depois um amigo que era gerente da Rádio Difusora de pesqueira me pediu para escrever o comentário do meio-dia para a rádio. Escrevi só para essa rádio durante mais de vinte anos, todos os dias, de seguna a sexta. Ainda possuo, não deixei jogar fora, algumas pastas com cópias desses comentários. Em 1982 comecei a escrever para os jornais de Pesqueira e Arcoverde, aí escrever que era mania e hábito virou vício. Incontrolável.

É claro que tenho consciência de que o que escrevo nao tem valor literário. Sei disso até porque sou um bom leitor. Mas sinto prazer e escrever. Galeano dizia que escrever para ele era uma festa, estava certo.Mas para este véio é apenas vício. E priu. Inté.

P.S. Estão investigando 37 imóveis de Flávio Bolsonaro. As manifestações tocaram no assunto? Fabrício participou delas? Ah, Brasil.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 27/05/2019
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