REFLEXÕES EM DIAS DE LUTA.

A grandeza do universo se manifesta justamente nas pequenezas que se esconde no mesmo. São as impercebíveis criações da vida que embelezam e vestem de majestade a vida em cada detalhe. Creio que, indistintamente, todos nós nascemos cegos, crescemos cegos, vivemos a vida inteira cegos e, provavelmente, morreremos cegos, se, continuarmos nos iludindo em querer enxergar somente a grandeza desprezando o que consideramos pequeno e desprezível. Se ao menos, percebessemos que é justamente esse 'minúsculo' parte essencial da grandeza, o nosso mundo interior seria o próprio universo manifesto em nós.

Diariamente escutamos e também somos reclames da vida que temos, desprezamos a nossa individualidade, descremos das nossas capacidades. Choramos, lamentamos, e por vezes nos tornamos maldizentes. É evidente que a nossa força interior se fará pequena, justamente por agigantarmos os pequenos problemas do dia a dia. Observando a chuva, tomo-a como exemplo, um grande temporal, observando sua concepção, descobro que ele nada mais é que, pequenas gotas que caem, aos poucos, e quando juntas, se tornam muitas, se tornam grandes tempestades.

É claro que, humanos que somos, portanto, dotados de inúmeras imperfeições, somos tendenciosos ao erro, isso é muito comum.

Talvez você, caríssimo leitor, esteja em um momento muito crítico da sua vida - assim como esse que vos escreve - talvez, para você esses momentos pareça não ter um fim - eu também tenho essa impressão - mas acredite quando digo, é apenas uma fase, 'tudo passa', como me disse certo amigo, nada dura para sempre. "Pelo menos assim esperamos".

É justamente neste contexto complexo das nossas vidas, que devemos perceber o que antes estava oculto dos nossos olhos. Não pela ausência de se estar lá, e sim pela nossa incapacidade de percebê-lo sempre lá.

É do meu costume acordar cedo, fazer o meu café ao som da sinfonia de pardais e de outros pássaros, pousados na árvore em frente de casa. Essas aves sempre estiveram lá, entretanto, em outros tempos, a minha correria excessiva preocupação com as coisas do dia a dia me fazia cego e surdo para eles, hoje os percebo com grande encantamento, assim como o por do sol, com seus tons de vermelho e laranja, colorindo as nuvens, coisa mais bela de se ver, quão cego fui.

Outro dia, minha esposa colocou na garagem de casa, pendurado no telhado, um bebedor para aves - no caso para os beija-flores - com água misturada ao néctar próprio para eles. Vejo-os todos os dias, voando para perto do bebedouro, pairando no ar, sugando o líquido, recuando e voltando, e depois vão embora, mas logo voltam. E de repente, vejo-os aos montes, de vários tamanhos, cores, coisa mais bela de se ver, quão cego fui.

É justamente nesses meus dias de lutas, de deserto, de perdas; é nesses dias que percebo o quanto o universo é grande em suas pequenezas que se revelam sempre novas, e o quanto estou ganhando.

Escrevo essa crônica em um momento único, na minha vida pessoal, e na de nosso país em última análise. Dizem que, vivemos em terra de gigantes, afinal, 'gigantes pela própria natureza', porém, seremos de fato gigantes, como pessoas, como nação, quando conseguirmos perceber o que há de mais belo naquilo que é mais pequeno ao nosso redor, mudando a nós, nossos conceitos arcaicos, mudaremos o mundo.

A grandeza do universo não se faz indiferente, mas propícia, e se manifesta todos os dias em cada pequeno detalhe.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 26/05/2019
Reeditado em 26/05/2019
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