OUTRO GUEDES DE BOLA MURCHA

Era uma equipe para diversão, todas sextas-feiras havia jogos, exceto se caísse no dia de finados, Natal ou o primeiro dia do ano.

Era uma máquina, tudo funcionava direitinho, engrenado, até começar cada partida, dai as derrotas amontoavam-se, mas não havia importância, pois o bem bom era o churras e a ceva.

Dos sete, em quadra somente cinco, destes o Miga não era incomodado, ninguém, além dele queria ser goleiro, então a planilha de revesamento dava tempos iguais aos quatro da linha e os dois da reserva.

Parecia só democracia, até que Guedes rebelou-se, depois de algumas cervejas, protestou dizendo que jogaria os dois tempos e somente sairia se estive cansado. Os demais não aceitaram a rebeldia, menos o Miga, claro, não estava sendo ameaçado.

Guedes achando-se grandão sentenciou, que estava fora e levaria a bola, pois lhe pertencia.

Durante a semana. o Cão, assim era apelidado o pivô dos primeiros 26 minutos de cada jogo, realizou uma vaquinha para comprar uma bola e arranjou um substituto para o Guedes.

Na sexta-feira, todos estavam lá, e para surpresa o Guedes apareceu já fardado e rodopiando a bola na mão, dizia:

- Vamos lá pessoal!

Caio, um cara quietão, mas de pavio curto e mais forte de todos deu uma olhada na volta e avisou ao Guedes que ele estava dispensado, pela decisão própria, na semana anterior.

Ninguém o socorreu. Provavelmente já estavam torcendo para que acontecesse algo assim. Guedes era muito papudo, mas não tinha bala na agulha e vivia com a bola sob o sovaco.

Paulo Guedes, outro Guedes, que está Ministro, que se acha, também pôs a bola sob o sovaco, mas se continuar com todo este papo e pouco serviço, levará um tiro na bola, mesmo murcha como está!