CRÔNICA DE UM SONHO AZUL.

Não adormeci profundamente, nem fiquei acordada e, no entanto sonhei. Um sonho insistente, em tom de azul. Um azul impossível de descrever. Deito de costas e vai chegando uma espiral azul. Viro-me de lado. O sonho também. Todas as posições eu tentei. Em todas elas sonhei. O mesmo sonho. Sem roteiro, mas em cores. Para ser exata em cor. Um sonho azul e você. Uma cor e um personagem Eis o meu sonho. Poucos elementos, mas me deu uma canseira terrível. Tentava me recuperar de uma gripe. Uma tarde de domingo para dormir e repor forças. Porém, o sonho azul não deixou. Você em fundo azul a me lembrar a realidade, não me deixou adormecer. Se há um consolo, é que não fiquei só na cama. Você estava comigo. Não lembro o que você fazia, mas sei que estava dentro dos meus olhos fechados. Só meu, posando na tela azul. Não dormi. Não repousei. Não melhorei da gripe.

Porém, não estive só. Tive você comigo a cada nova tentativa que fiz para mergulhar no sono profundo. Mergulhei sim no azul e com você. Apesar da aflição natural de quem quer dormir e não consegue, senti prazer. Afinal, tive você colado no meu inconsciente dentro do fundo azul. É o amor entranhado em mim. Você não me deixou em nenhum momento, ou melhor, eu não o deixei, pois era eu a dona do sonho. Até que o telefone tocou. Fácil despertar, pois não havia adormecido. No visor seu telefone. Atendo como se tivesse continuando o sonho. Conversamos, falamos de amor, nos afagamos. Desligo o celular e olho para o livro semi-aberto na mesa de cabeceira. Capa azul. Uma tela famosa de uma menina ruiva e o título falando no Azul da Virgem.

Decifrei o sonho, pois.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 23/09/2007
Reeditado em 23/09/2007
Código do texto: T665475
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