UMA LÁGRIMA QUE NÃO ROLOU
Ella quis chorar. Um fio de lágrimas correu-lhe pelo rosto. Foi só. Aquela despedida mediu todas as suas esperas. Não há necessidade de perdão, tudo foi desespero. Durante muitos anos, quis provar para si que estava viva, inventou um amor, acreditava que este sentimento poderia lhe avizinhar a alguém. Mas a vida não tem segunda via, nem todo pecado é confessável. Não se pode passar a vida toda persistindo em enganos. Não há nada para esclarecer, o único mal-entendido foi a persistência.
Ella pensa sobre isso no quarto onde, tantas vezes, sonhou com um amor que chegava sem aviso. Quis sentir pena de si mesma, mas não tinha mais tempo para autopiedade.