Opiniões e atitudes que deseducam


          Há opiniões que educam, como as inúmeras que afirmam: a solução para o Brasil é a educação. E diante de tanta violência, em todos os sentidos, reiteram: sem educação, tudo vai piorar. Isso é voz universal, inclusive daqueles que, ao se candidatarem, repetem que “tudo fará pela educação” ... Porém, eleitos, nada fazem pelo ensino público; pior, pioram uma realidade educacional que deve ser, sem limites, melhorada; ou deixam a educação como um barco à deriva, estragando-se, sem vela, no alto mar. Como é o caso das recentes declarações que os “ministros da educação” têm dado sobre educação e sobre o ensino, completamente estapafúrdias em relação à filosofia, à sociologia e às depuradas teorias educacionais. Faltam recursos e meios à educação, e acabamos de saber de drásticos cortes nas verbas para educação, o que foi “justificado” pela diatribe e franqueza ideológica, que tenta escamotear e desviar o real assunto: “não é corte, é contingenciamento”; o que, em ambos os casos, significa perda de recursos, mais do que imprescindíveis à educação. Nesse sentido, tais atitudes deseducam, e vislumbra-se um abismo grande, em termos de perspectiva e de pressuposição. A importância da educação não pode ser diminuída pelas limitações e pelas combinações econômicas dos dirigentes, cujas cabeças estão somente cheias de economia. O que relembra as palavras de Hamlet, de Shakespeare: “Economia, Horácio, economia! Serviram-se os pastéis do enterro, mesmo frios, nas mesas do noivado.”
          Tenho feito análise de conteúdo nas palavras daqueles que querem direcionar o ensino exclusivamente à tecnologia, sem qualquer ensino humanista, sem elementos que induzam o aluno a pensar, a refletir, antes de qualquer ação. Para o teórico “economês”, a escola deveria ser uma indústria de mão de obra a serviço da produção e do lucro, ignorando que a educação coletiva deve preparar a juventude não só para a fábrica, mas, também, para a cidadania a serviço dos outros e do bem-estar coletivo. Quando alguém comete um crime, talvez não o cometeria, se tivesse sido educado por valores e conhecimentos que não advêm das ciências tecnológicas, mas das ciências humanas, como é o caso da ética, dos valores morais e de tudo que envolve a cultura. Enfim, vale dizer que, na educação, as ciências humanas sejam mais exatas, concordo; porém que as exatas, sejam mais humanas... Sobretudo que as crianças, os jovens e os adultos sejam educados, nunca parcialmente, mas sempre na sua inteireza.
          O Governo do Estado, enquanto “segue o trabalho”, pelo programa Gira Mundo, vem mostrando a eficácia, a estudantes e professores, do que está acontecendo nas escolas e na sociedade de países que tomaram, com seriedade, o lema “educação é desenvolvimento”; e onde nada é negado às escolas e ao ensino. Logicamente, não existe efeito sem causa. Ainda, a causa sempre se prolonga no efeito que ela produz; até nas boas ou más opiniões e atitudes sucede esse fenômeno. Nas manifestações contrárias aos cortes de verba para educação, visualizei mais estudantes do que professores; mais filhos e filhas do que pais, que deveriam ser, como os docentes dos seus filhos, educadores... No entanto, tais “educadores”, sem a consciência política às tais exigências, não foram educados, por sua vez, que a educação é uma necessidade prioritária à inteireza da nossa formação e sobretudo a uma feliz organização social. Verdade é que educar esteja acima de tudo e na conscientização dos próprios estudantes; e ainda que os críticos aos educadores considerem nossas autoavaliações como aperfeiçoamento do ensino e jamais como força de dissolução do nosso entusiasmo de lutar por uma educação, não somente da alma, tampouco somente do corpo, mas da educação inteira, que ensine prática e teoria; que transmita experiência e sabedoria. Basta de deseducação !       
          
                 
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