Sou pai
Ao decidir casar-me e constituir uma família... sou pai.
Ao chorar de alegria com o resultado positivo para gravidez de um exame laboratorial... sou pai.
E ao assustar-me e depois entristecer-me com um sangramento que resultou em um aborto... sou pai.
Quando novamente me alegro com o resultado de outro exame para gravidez... sou pai.
Ao emocionar-me com cada movimento fetal...sou pai.
Ao sentir-me apreensivo quando um dia esses movimentos cessaram... sou pai.
Ao alegrar-me quando eles recomeçaram... sou pai.
Ao escolher o primeiro macacãozinho com a inscrição “Le gâteau de mon papa” para minha filha... sou pai.
Ao cortar, com mãos trêmulas, o cordão umbilical de minha filha... sou pai...
Ao tirar fotos de todos os ângulos da menina mais linda e mais fofa do mundo... sou pai.
Ao sentir-me orgulhoso passeando com uma gordinha pela mão... sou pai.
Ao sentir raiva de outra criança que ousou bater em minha filha... sou pai.
Ao sentir novamente a alegria de um exame positivo... sou pai.
Ao sentir-me frustrado por desta vez não poder cortar o cordão umbilical de meu filho... sou pai.
Ao constatar que meu filho tem os olhos azuis... sou pai.
Ao sentir os olhos úmidos ao deixar minha filha na porta da escola pela primeira vez... sou pai.
Ao filmar cada movimento de meus filhos... sou pai.
Ao brincar na piscina com eles... sou pai.
Ao dar uma palmada na bunda deles quando eles passam dos limites... sou pai.
Ao sentir mais dor que eles com essa palmada... sou pai.
Ao ficar desapontado quando meu filho nem chorou ao ser deixado na escola pela primeira vez... sou pai.
Ao alegrar-me com cada vitória de meus filhos na escola... sou pai.
Ao entristecer-me com cada probleminha deles... sou pai.
Ao sentir-me inseguro ao cuidar deles como médico... sou pai.
Ao ir a exatamente doze festas juninas consecutivas, filmando todas... sou pai.
Ao assistir a vários jogos de futebol, que detesto, e torcer para meu filho marcar um gol... sou pai.
Ao chorar por ver que minha filha, mocinha, já quer sair à noite... sou pai.
Ao emocionar-me ao ver meu filho tocar teclado na festinha da escola... sou pai.
Ao contratar uma dupla sertaneja, que não é exatamente o meu gênero musical para fazer surpresa para minha filha em seu aniversário... sou pai.
E ao convidar um cantor sertanejo famoso para uma visita-surpresa para minha filha... sou pai.
Ao sentir ciúme mortal dos namorados de minha filha... sou pai.
Ao sentir-me frustrado por minha filha não querer uma festa de quinze anos... sou pai.
Ao achar que posso proteger meus filhos de todos os males do mundo... sou pai.
Ao emocionar-me com as vitórias deles, as formaturas, aprovações em exames e concursos... sou pai.
Ao sentir orgulho de ver meu filho, universitário, ser elogiado por um de seus professores mais rigorosos... sou pai.
Ao ficar acordado de madrugada para buscar meus filhos... sou pai.
Ao preocupar-me com meu filho dirigindo de madrugada... sou pai.
Por não querer que meus filhos bebam em excesso... sou pai.
Ao tentar ser exemplo, corrigindo meus próprios defeitos... sou pai.
Ao tentar adivinhar cada desejo deles... sou pai.
Ao pensar que posso ter errado em algum lugar, sempre tentando acertar... sou pai.
Ao querer meus filhos à mesa em todas as refeições... sou pai.
Ao irritar-me com os ciúmes que eles, adultos, ainda sentem um do outro, não entendendo o quanto são amados, igualmente... sou pai.
Ao compartilhar com meu filho alguns de meus hobbies ... sou pai.
Ao sonhar para meus filhos um futuro brilhante... sou pai.
Naturalmente, esqueci de registrar aqui várias outras situações que fizeram de mim um pai, mas escrevi o que me saiu do coração neste momento. E principalmente fica em mim o desejo de ter sido, de ser e continuar sendo um BOM pai!