E o pingo ainda está pingando...
Goteira é uma coisa que incomoda muito a gente grande. Se chove a noite inteira, é ainda pior.
No passado, a mãe vinha com uma bacia para conter o pingo e um pano de chão para secar o assoalho.
-Cuidado para não escorregarem! Advertía-nos, pois o piso em cimentado "queimado" colorido com pó Xadrez vermelho, ela trazia sempre encerado.
Antigamente as bacias eram de lata esmaltada ou de alumínio e até que contivessem um volume razoável de água, ouvia-se um "leim, leim, leim" que embalava as crianças mas tirava o sono dos mais velhos...
- Tem que trocar as telhas quebradas, Sinésio! Está assim desde o ano passado...
O pai coçava o coco, puxava o lóbulo da orelha direita e numa careta dizia que aquilo custaria uns bons "milréis".
Os meninos viam a brincadeira perfeita para o dia chuvoso. Arrancavam umas folhas dos cadernos e já preparavam uns barquinhos para vê-los navegarem nas bacias cheias d'água de chuva.
As mosquinhas, atraídas pelo reflexo da luz, rodeavam o tacho até pousarem na lâmina d'água e se transformarem nos peixinhos da lagoa para a alegria da garotada, que impiedosos, contavam um a um, os componentes do cardume.
Nas cidades grandes já não temos tão corriqueiras, as goteiras... Moramos muitas vezes em apartamentos ou casas com grossas lajes que nos impedem de ver e ouvir os pingos pingando.
Mas nem tudo está perdido, os tempos da velha casa com forro de madeira voltam à lembrança, quando entre o sono e a vigília, ouço o "tuc, tuc" da gota que cai insistente da torneira da pia da suíte que tem a bucha rota.
- Amanhã terei de chamar o bombeiro... E isso vai me custar uns bons "milréis"...
Cláudia Machado
Nota:
Por Joel Reis
viacognitiva.blogspot.com
Sobre "milréis":
Originada no período Colonial por influência do monetário português, não se tratava de uma moeda genuinamente brasileira. Réis é o plural de Real e vigorou no Brasil nos tempos coloniais, até 30 de outubro de 1942, quando foi substituída pelo cruzeiro, na razão de 1 cruzeiro por mil-réis então circulantes.
Goteira é uma coisa que incomoda muito a gente grande. Se chove a noite inteira, é ainda pior.
No passado, a mãe vinha com uma bacia para conter o pingo e um pano de chão para secar o assoalho.
-Cuidado para não escorregarem! Advertía-nos, pois o piso em cimentado "queimado" colorido com pó Xadrez vermelho, ela trazia sempre encerado.
Antigamente as bacias eram de lata esmaltada ou de alumínio e até que contivessem um volume razoável de água, ouvia-se um "leim, leim, leim" que embalava as crianças mas tirava o sono dos mais velhos...
- Tem que trocar as telhas quebradas, Sinésio! Está assim desde o ano passado...
O pai coçava o coco, puxava o lóbulo da orelha direita e numa careta dizia que aquilo custaria uns bons "milréis".
Os meninos viam a brincadeira perfeita para o dia chuvoso. Arrancavam umas folhas dos cadernos e já preparavam uns barquinhos para vê-los navegarem nas bacias cheias d'água de chuva.
As mosquinhas, atraídas pelo reflexo da luz, rodeavam o tacho até pousarem na lâmina d'água e se transformarem nos peixinhos da lagoa para a alegria da garotada, que impiedosos, contavam um a um, os componentes do cardume.
Nas cidades grandes já não temos tão corriqueiras, as goteiras... Moramos muitas vezes em apartamentos ou casas com grossas lajes que nos impedem de ver e ouvir os pingos pingando.
Mas nem tudo está perdido, os tempos da velha casa com forro de madeira voltam à lembrança, quando entre o sono e a vigília, ouço o "tuc, tuc" da gota que cai insistente da torneira da pia da suíte que tem a bucha rota.
- Amanhã terei de chamar o bombeiro... E isso vai me custar uns bons "milréis"...
Cláudia Machado
Nota:
Por Joel Reis
viacognitiva.blogspot.com
Sobre "milréis":
Originada no período Colonial por influência do monetário português, não se tratava de uma moeda genuinamente brasileira. Réis é o plural de Real e vigorou no Brasil nos tempos coloniais, até 30 de outubro de 1942, quando foi substituída pelo cruzeiro, na razão de 1 cruzeiro por mil-réis então circulantes.