Eu mesma...

Era uma vez, uma menina que gostava dos dias chuvosos de cor cinza, gostava de andar de moto e de voar através das músicas que ouvia nos dias felizes e nos dias tristes, mais ainda.... Referia conseguir estar e ficar em Nárnia nos instantes destas audições. Esta menina também esperava voar pelos ares como somente os pássaros mais livres e felizes sabem fazer, mas nesta história ainda não dá pra saber se ela conseguiu este feito tão sonhado.

Esta menina se achou muito especial muitas vezes para muitas pessoas, mas passou a sua vida vendo que talvez as coisas não fossem bem assim; muitas pessoas demonstraram que esta menina mais uma vez se enganava: errava feio em suas análises... Isso a entristecia muito, às vezes dizia que sentia até “dor física no coração”, dá pra acreditar nas coisas que esta menina dizia? Mas quando se sentia assim, lembrava-se de Deus, então ligava o seu botão do foda-se e seguia sendo feliz e livre, muito livre....

Esta menina também era bem companheira, leal ao extremo e chorona, muito, mas muito chorona mesmo!!!! Gostava por demais de estudar as palavras, os livros, as pessoas... Muitas vezes não gostava dos resultados dos seus estudos porque estes a decepcionavam, mas sempre procurava ver o lado mais positivo que se pode supor, de cada situação e de cada pessoa. Ah... Esta menina devia se chamar Otimismo, Riso Fácil ou simplesmente Boba!!!

A menina desta história também era excelente ouvinte e conselheira, parecia ter mesmo a palavra certa a dizer até mesmo diante das situações mais difíceis para si e para os seus, talvez por isso mesmo, conseguia acalmar até mesmo os espíritos mais endurecidos que a cercavam; alguns chegavam a relatar que muito aprendiam com esta menina. Ela também ousava dizer que conseguia decifrar e ler as pessoas em sua essência, e escrevia para estas pessoas relatando suas observações sobre elas, exaltando suas qualidades e colocando suas fragilidades como pontos a serem trabalhados.

Em várias situações liderou muitas pessoas e em outras, só queria estar em seu quarto chorando sozinha e fazendo “sonoterapia”, como ela mesma intitulou seus momentos de extrema fraqueza e que ela mesma fazia questão de digerir sozinha para que os outros continuassem a pensar que ela era sempre forte, sempre feliz.... Raríssimas vezes alguém pode vê-la tão frágil.

Mas não se iludam os leitores desta história: esta menina também era difícil... Muito intensa, proferia verdades indelicadas às pessoas, era chata, enchia o saco principalmente daqueles que ela elegia para amar, porque como ela sempre dizia: “quem eu não amo vira árvore, eu só xingo quem eu amo!!!” E olha: pior que era tudo verdade! Ela era assim mesmo!

Esta menina dizia palavrões horrendos, alguns até inventados por ela mesma, porque por vezes lhe faltava repertório para verbalizar e descrever seus sentimentos, mas tenho que

confessar que ela expressava seus sentimentos com tamanho grau de personificação que qualquer pessoa sentia que poderia tocá-los, caso desejasse.

Esta menina era louca! Amava Rock se jogava de corpo e alma não só nos shows que fazia questão de ir para curtir um som, mas também para defender aqueles que conquistavam seu amor, investia em sonhos alheios como se fossem seus, chegou a ser comparada ao Gênio da Lâmpada por certa pessoa de quem ela também tocou a vida e nela só fez realizar sonhos...

Era metódica, organizada ao extremo, acelerada, fazia tantas coisas ao mesmo tempo as quais muitas pessoas nem conseguiriam imaginar, mas um dos maiores, senão o maior de todos os seus defeitos, era pensar que daqueles que compunham sua história, ao seu lado, ela poderia esperar as mesmas atitudes que estes receberiam dela, caso precisassem...

Triste ou feliz amava escrever sobre o que sentia diante da vida e de tudo que esta lhe proporcionava, a certa altura da vida fez um caderno de registros de suas reflexões, não desejava perdê-las, já havia perdido muitas, a menina sempre dizia que nem merecia tanto da vida... Fazia listas diárias de afazeres pessoais e daqueles que ela amava para que estes pudessem ser lembrados por ela, uma forma de controle talvez, o que pode ser considerado outro defeito da menina desta história... Sob outro referencial, entretanto, esse defeito era uma qualidade que aproximava os amigos ainda mais dela, porque nunca deixava ninguém “na mão” se prometia, cumpria!

A menina da história se julgava mais que abençoada por Deus e andava de mãos dadas com ele o tempo, sempre foi salva de todas as situações pelos anjos que ELE enviava para salvá-la ou para aliviar suas dores, ela sempre soube que era ELE quem sempre os enviava, e apesar de ter um ”Q” de bruxa, era infinitamente abençoada pela espiritualidade do bem!

Era uma menina que escancarava o que sentia sem medo de se mostrar, assumia riscos e se quebrava toda muitas vezes... Mas ela nunca deixou de querer viver!

Ela ainda vive!

Andréia Innocenti
Enviado por Andréia Innocenti em 16/05/2019
Código do texto: T6648671
Classificação de conteúdo: seguro