Misóginos

Matar parentes sempre foi um forte argumento do trabalhador que, querendo faltar na segunda-feira, alega a morte da tia para se justificar na empresa. Já ouvi falar de um empregado que tinha um Atestado de Óbito em branco, e na terça-feira, lá aparecia ele, remoído pela dor, com uma cópia recém preenchida, dizem que ele até tinha um carimbo do cartório, só para dar maior autenticidade ao comprovante.

Uma curiosidade que sempre chamou a atenção foi que a “vítima” é sempre uma mulher, pode ser machismo, mas nunca se ouve falar que o escolhido para o engodo tenha sido alguém do sexo masculino.

Em filmes policiais o roteiro não é muito diferente,ressalvando que aqui o parentesco é mais próximo: mata-se a filha, ou a mulher do protagonista, que se transforma em herói nacional matando os assassinos dos entes queridos, ops, queridas. Como todos os filmes do gênero não para no primeiro, como Desejo de Matar 1, Desejo de Matar 2... filhas e esposas do vingador pedem arrego.

Grandes atores, como Charles Bronson, Bruce Willis e Liam Neeson, já fizeram caçadas humanas e urbanas, pelos becos mais sórdidos, em busca de matadores de filhas e esposas.

Letristas de músicas sertanejas são mais diversificados: matam meninos nas porteiras, matam tios, matam mães e afilhados; a única similaridade entre eles é o apelo homicida, ou “boicida”, no caso do Menino da Porteira, onde o assassino foi um boi.

Tem uma letra onde o amado, para comprovar seu amor à amada o que faz? Arranca o coração da própria mãe, nesse caso houve, com certeza, um pouco de exagero do letrista, o crime foi hediondo, e por motivo torpe.

Até um passado não muito remoto o assassino era sempre o mordomo, nos filmes de hoje não procuramos saber quem é o assassino, já sabemos que as primeiras mortes, das que serão vingadas, serão da MULHER, ou da FILHA...elementar, meu caro Watson

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 16/05/2019
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