UM 2050 PARADOXAL

A reportagem do jornal “The New York Times” sobre o novo estudo divulgado alertando para os perigos que nós representamos ao planeta começa assim: “Os seres humanos estão alterando as paisagens naturais da Terra de forma tão dramática que há pelo menos um 1 milhão de espécies de animais e plantas em risco de extinção".

O relatório com 1.500 páginas que envolveu 145 cientistas além de milhares de fontes, mostra com clareza o quanto estamos afetando a biodiversidade. E se ainda não entramos na lista das espécies ameaçadas, estamos no limite do caminho sem volta.

Possivelmente as preocupações com a explosão demográfica não estejam no relatório final. Ainda é um assunto proibido. Como escrevi uma vez, depois de ler a trama de “Inferno” escrito por Dan Brown, cedo ou tarde os governos terão de encará-lo. Diante do cenário apresentado pelo estudo acho que já demorou demais.

Desde as savanas africanas, chegando as florestas tropicais da América do Sul, a vida animal e vegetal teve uma redução de 20% em cem anos. Com a população do planeta ultrapassando os 7 bilhões, essa redução se deve as atividades humanas para se sustentar. A agricultura, a pesca, a exploração de madeiras, e a mineração estão alterando o mundo natural.

Nunca a espécie humana produziu tanta comida como atualmente. Só que o planeta paga um preço alto por isto. Em 23% da área terrestre do planeta a agricultura já é prejudicada pela deterioração do solo. Mais de um terço da superfície da Terra, e 75% das fontes de água doce estão reservadas para a pecuária ou agricultura.

O estudo traz também a questão do desaparecimento das abelhas. Estima-se que a falta de polinizadores para frutas e legumes causem prejuízos anuais de US$ 577 bilhões. Com a perda de manguezais e dos recifes de corais, 300 milhões de pessoas serão expostas aos perigos de inundações. Desde a década de oitenta, a poluição por plástico aumentou dez vezes.

O estudo diz que de modo geral e isto é assustador, por obra dos seres humanos cerca de três quartos da área terrestre do planeta foi alterada. Em três séculos, 85% das áreas alagadas desapareceram.

O estudo deixa claro que há muito mais em jogo do que apenas o aquecimento global. Como bem escreve Yuval Noah Harari em “Sapiens — Uma Breve História da Humanidade”, desde que se espalhou pelo planeta a raça humana começou a destruí-lo.

A tecnologia prevê um mundo completamente novo em 2050. Se nada for feito, e a vontade de fazer tem esbarrado nas ideologias e no dinheiro, teremos um planeta completamente devastado na mesmo data. Será paradoxal viver neste mundo.