Voltar no Tempo

Assisti a um filme muito legal, “Questão de Tempo” (About Time, EUA 2013), sobre um garoto que descobre que pode voltar no tempo. É uma estória romântica, leve, realmente vale a pena. Sempre fui fascinado pela ideia de viajar no tempo e fiquei pensando sobre o que eu faria.

A primeira coisa seria reparar foras que eu dei na vida. Vocês não tem noção, os meus são feios. Vou dar uma ideia, segue um dos piores. No casamento de minha irmã, eu era padrinho e estava recebendo cumprimentos quando uma pessoa chegou e disse “Você não está me reconhecendo? Lembre do seu seguro.” Eu, “Ah, você é o pai do Fernandinho, meu corretor!”. Ele falou “Agora você acabou comigo, sou o Fernandinho”. Deu para entender? Tenho várias histórias assim que eu adoraria desfazer.

Quando estamos bêbados, às vezes dizemos verdades que não falaríamos sóbrios. Teve um amigo que estava assim, “borracho”, e me disse que eu era uma pessoa com boas ideias, porém, com rara inabilidade social. É um fato. Tal qual meus foras, cometi muitos erros com amigos e familiares, que se eu pudesse voltar no tempo adoraria corrigir, coisas que deveria ter dito e, principalmente, muitas que não podia ter falado. Como não posso fazer isso, tento lembrar sempre o quão especiais são por terem perdoado minhas falhas e continuarem ao meu lado. O negócio é não abusar da tolerância e errar menos para frente, estou tentando.

Pensei no que fez o personagem do filme, de corrigir erros em relacionamentos amorosos. Todo mundo tem suas histórias das cantadas ruins, das pessoas com quem deveria ou não ter saído. Haveria muitos erros, se eu fosse diferente, pode ser que houvesse até mais relacionamentos, eu poderia corrigir minha timidez. Talvez, se corrigidos, algum dos casos que deram errado desse tão certo que tivesse durado para sempre.

Vendo por este lado, ainda que pudesse, eu não voltaria no tempo, nem mudaria nada nesses relacionamentos do passado. Talvez, ao fazer isso, o único que deu realmente certo, o com minha esposa, poderia não ter acontecido. Sou uma pessoa de muitas dúvidas e poucas certezas  Uma dessas raras convicções é de que tudo que tive, tenho e terei com ela é bom demais para ariscar. Mas que seria ótimo poder voltar no tempo e corrigir pequenas coisas na nossa própria história, sem mudar a essência, isso é certo!
Paulo Gussoni
Enviado por Paulo Gussoni em 11/05/2019
Reeditado em 12/05/2019
Código do texto: T6644911
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