Concordâncias e discrepâncias acerca da educação brasileira

De repente bateu uma curiosidade em saber o significado da palavra "balbúrdia". Dentre as definições do Aurélio, e outros amigos da área, figura o termo "confusão". Por isso, decidi compartilhar com vocês o resultado de minha breve pesquisa sobre o assunto. Vai que alguém confunde o que eu faço aos sábados com alguma "algazarra"?! Afinal, não acordo ainda de madrugada, saio de casa e da cidade onde resido, realizo uma viagem que agora dura mais de duas horas, enfrento o trânsito da capital do estado e chego à UFPA para causar "alvoroço". Confesso que o "barulho" que fazemos durante as aulas até incomoda um pouco. Discutimos com avidez as teorias educacionais, desnudamos os teóricos com nossa prática escolar, tiramos o chão deles com a realidade da educação brasileira, e as mazelas que combatemos diariamente na sala de aula.

Pode até parecer um "evento ridículo" quando promovemos discussões e debates sobre os problemas encontrados dentro dos muros da escola. É verdade que enquanto isso acontece, o nosso papel na árdua tarefa de educar não vem sendo cumprido, dando lugar a "desordem" e "tumulto". Pois, não basta alfabetizar nem letrar nossas crianças, desenvolver competências e habilidades necessárias para que os adolescentes apliquem na vida em sociedade, despertar vocações nos jovens voltadas para o mercado de trabalho, a pesquisa científica e a docência. Nós pecamos quando promovemos o senso crítico das pessoas e isso é inaceitável na sociedade que o governo atual pretende construir. Pensar é perigoso demais para nossos estudantes, que devem se acostumar com a ausência de liberdade de pensamento desde cedo. Basta aprenderem a obedecer ordens e cumprir tarefas, tudo o mais é "arruaça" e por isso, dispensável.

Os indicadores nacionais e internacionais de desempenho das instituições de ensino superior não me permitem mentir. Estamos entre as mais destacadas em muitas áreas do conhecimento e segundo os dados do MEC divulgados ano passado, das 10 melhores instituições do país, 8 são públicas e dessas 6 são federais, provocando "vozerio" e "barulheira". A UFPA mesmo alcançou uma das maiores taxas de crescimento da produção científica nos últimos anos chegando a meta de 41% graças a expansão do sistema de pós graduação na instituição. Isso é inadmissível para o futuro da nação, não podemos nos dedicar a pesquisa e extensão universitária para melhorar ainda mais os índices da universidade pública. Além disso, precisamos acabar com as ciências humanas, não há nada mais subversivo nas universidades do que a reflexão social e o pensamento crítico que elas proporcionam.

Sinto muito, mas tenho que concordar com o atual ministro da educação sobre as universidades e institutos federais. Temos que admitir que nós causamos muita "balbúrdia". Só não sei se ele terá êxito em seu objetivo de acabar com a educação brasileira. Pois, enquanto houver professores por todo o Brasil disseminando conhecimento àqueles que não tem acesso ao ensino de qualidade, leitores ávidos em rodas de conversa e leitura a contar histórias cativantes e instrutivas, pesquisadores realizando os mais variados experimentos, científicos ou não, para dinamizar suas aulas e aproximar a ciência do cotidiano dos alunos, artistas que levem um pouco de arte através da música e dança às suas salas de aula, o pensamento crítico será disseminado entre o povo oprimido. Estas são apenas algumas concordâncias e discrepâncias acerca da educação brasileira que não tem nada a dizer ou podem traduzir muitas coisas... Depende de quem lê!

(Elcio Costa)

Elcio Aldrin Pantoja da Costa
Enviado por Elcio Aldrin Pantoja da Costa em 11/05/2019
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