eu também sei ser afeto

A delicadeza morreu. Pensei isso enquanto tomava café. A gente foi ficando embrutecido não sei em qual momento dessa linha do tempo. Nunca fomos tão tristes. Nunca a água doeu tanto, nunca a chuva foi tão feia, nunca o amor valeu tão pouco.

Eu havia prometido a mim mesma que tentaria demonstrar mais afeto aos meus, e obviamente toda esse comprometimento contido num único objetivo de tornar o mundo um lugar mais doce, começando por onde posso, me levou a divagações que, juro, teria assunto para toda a física quântica de uma vida. Mas não, não é sobre minha mente sem vírgulas e a conjunção semântica do meu pensamento inquieto.

Mas, se felicidade é simples como um beijo no rosto, porque ainda teimo em usar a palavra “semântica” e falar de física nas minhas crônicas? Eu ainda gosto de tomar as bebidas nos copos certos, ou de repente falar sobre solos, mas nada que uma alteração vá causar grandes danos. Eu também sei ser afeto. Politicamente, talvez, no meu modo combativo ingênuo, eu quebre regras.

“A felicidade se acha é em horinhas de descuido”, já disse Guimarães Rosa. E que bom, quando não estou ocupada ando tão distraída. Sejamos.

#TextosDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 09/05/2019
Reeditado em 09/05/2019
Código do texto: T6642984
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