INTERNET DAS COISAS...


De repente pensei em Charles Baudelaire escritor Francês da virada do século, autor do livro Flores do Mal, que tinha certa aversão á modernidade que assolava a França por volta de 1900. Este pensamento me assaltou quando do meu conhecimento sobre o significado do termo “Internet das Coisas”.
Internet das Coisas é um conceito tecnológico em que todos os objetos da vida cotidiana estariam conectados à internet, agindo de modo inteligente e sensorial.
Também conhecida por IoT (Internet of Things, em inglês), consiste na idéia da fusão do “mundo real” com o “mundo digital”, fazendo com que o indivíduo possa estar em constante comunicação e interação, seja com outras pessoas ou objetos,segundo as minhas fontes.
Embora, pessoalmente eu tenha dúvidas quanto a esta interação, tendo em vista que os avanços já desfrutados pela população, a meu ver estejam distanciando as pessoas das pessoas, enquanto as confinam em relacionamentos com os objetos...
Sinto falta, do contato humano, da fala, do olhar, do toque...
Romantismos á parte, tenho notado que não se fala olhando nos olhos, mas sim teclando mensagens curtas, codificadas, que dizem respeito a grupos e gírias específicos...
As pessoas de meu convívio parecem presas aos smartfones, aos grupos na internet, escusando-se do contato humano...
E deste contato, quando ocorre, sentem certo medo, temor até!
A vida “real” parece que desvanece diante do avanço tecnológico corrente...
Minhas fontes dizem que são inúmeras as possibilidades de anexar a computação em coisas que pertençam ao cotidiano das pessoas, como os eletrodomésticos, carros, wearables (dispositivos tecnológicos utilizados como roupa), chaves, mesas, espelhos e etc.
Isso me assusta!
Esta revolução tecnológica é considerada por muitos estudiosos a última etapa do processo de desenvolvimento da computação. Mas será que ao mesmo tempo em que libertam as pessoas de afazeres seculares, não as aprisionam na solidão?
Assim como descreveu Mark Weiser, um dos mais importantes estudiosos das Ciências da Computação, a internet das coisas concretiza a fase em que a informática se consolida de modo onipresente na vida das pessoas.
Mas, esta presença consolidada, não descortinaria de vez a natureza humana, que se desvencilhando de certas “rotinas” me parece tão insegura?
No entanto, foi o cientista Kevin Ashton, em 1999, que utilizou pela primeira vez a expressão “internet das coisas” para se referir ao uso de tecnologias que pudessem interconectar diversos aparelhos e objetos diferentes, ajudando a facilitar e organizar a vida das pessoas, mas destaco que este “avanço” será notado e vivenciado por aqueles que puderem pagar... Abrindo ainda mais o abismo existente entre nossas camadas da sociedade.
E em certa medida fomentando ainda mais a gana dos mais desfavorecidos a estas facilidades...
Seja como for, sou mais um incluído na torrente do tempo...
Se não sucumbir antes que a Internet das Coisas se solidifique, ou viverei a margem dela, ou a ela me alio... Se puder pagar...
Mas, saudosista ou anacrônico, sinto falta do contato humano, da fala, do olhar, adoro isso... Falar com minha mãe, por exemplo, pelo Zap é o fim do mundo, marcar encontro via net, nem tanto, mas falar ao celular em plena mesa do jantar ninguém merece!
Mas o que me assusta mesmo, em minha antevisão deste admirável mundo novo é a questão central desta crônica do cotidiano deste mês; será que estamos prontos para encararmos a nós mesmos frente a frente?
Pois para mim, estes avanços todos, nos “dando” mais tempo, põe á mostra a nossa grande solidão...
E quem dentre todos os leitores desta crônica, pode levantar a voz e me dizer que não?


Edvaldo Rosa