Sobre as dores e os sofrimentos.

Hoje enquanto dirigia, distraidamente, entrei em uma rua pela contramão. Imediatamente todos os carros que vinham contrários a mim, começaram a buzinar e a piscar seus faróis, alguns me xingavam e outros faziam gestos bem desagradáveis. Meu coração disparou, fiquei tensa e com muito medo, entrei em sofrimento. Mas o que me causou esse sofrimento não foi os outros, fui eu que entrei pela contramão, era eu que estava distraída, os outros estavam me sinalizando, também assustados, que eu estava errada.

Por que eu sofri, então? Sofri porque ainda carrego comigo o orgulho que me traz vergonha quando erro, a vaidade inútil de todos os elogios recebidos. Isso tudo no leva ao sentimento de culpa. Culpa por estar distraída, culpa por procrastinar um trabalho por preguiça, culpa por não dar atenção que gostaríamos aos filhos.

Mudemos simplesmente de rumo, paremos de cultivar a cultura da culpa. Afinal a frase é clichê, mas tá valendo: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.