QUANDO DEI POR MIM, ELA JÁ NÃO ESTAVA
Era um "Do, Ré, Mi, Fá" qualquer no Prézinho.
Mas, acompanhado de gente. Entre colegas e professoras. Lá estava ela. A gelatina.
Quando dei por mim, ela não estava la. Quando percebo, eu mesmo me compro um lanche.
Eram canecas azuis. Com sucrilhos e leite.
Canecas reutilizadas, mas mesmo que lavadas em abundância pela tia da cantina, percebia-se o cheiro azedo. Era de um plástico grosso e feita talvez, do material mais resistente do mundo. Eu quebrei. O azedo se foi. Quando dei por mim, ela já não estava lá.
Eu ainda tenho afeição aos copos e canecas de plástico. Talvez por medo do pré-Parkinson. Talvez pela nostalgia. O azedo, com certeza, não sinto falta.
Ter uma esquina, um muro, um lugar onde diariamente se perdiam vários minutos com uma pessoa especial. Me pergunto se na tela dos jovens de hoje, existem aplicativos de esquinas, de muros. A esquina ainda lembra. A esquina me lembra. Mas ela não. Quando dei por, ela já não estava lá.