#EuTeAmo

Eu te amo deveria ser dito sempre que se tem vontade. Não consigo entender amores que se reprimem, amor delito, amor que faça mal. Não consigo entender alguns medos. Não consigo entender saudades que poderiam facilmente ter fim, e não têm.

Tudo bem que esse ano começou há uns três anos, e que a conta ainda não ta meio a meio. E que o eu de outubro nem teria assunto com o eu de maio, a não ser pra falar de cinema. Mal. Pra falar mal de cinema. Que alguém pelo amor de Jesus Cristo, tenha a caridade de me indicar alguma coisa incrível que seja recente e que me garanta alguma abstração e abandono à base de gordura hidrogenada e Coca-Cola normal. Porque heróis também sangram, morrem, amam. Que eu preciso descansar meus discos empoeirados, lavar os figurinos velhos e presentear meus olhos aqui. Dar uma relaxadinha antes de voltar para o #SOSCiência e pro #VivaADiversidade, antes de me dedicar ao meu livro e terminar de ler aquele que comprei por último, antes de não omitir mais nenhuma opinião sobre o atual governo, antes de entender que preciso me esquecer de duas ou três pessoas que foram embora sem se despedir.

Feriado mesmo, seria não ser eu por um dia. Já que ainda não consigo entender porque o eu te amo não é evocado com a mesma força da hashtag ou da falta bruta que você me faz.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 02/05/2019
Reeditado em 02/05/2019
Código do texto: T6637477
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