Samba, Mangueira, Botafogo e Esquerda de Luto
O final de abril, o último dia (30 foi muito triste: partiu a Madrinha do Samba, Beth Carvalho (para mim não era só madrinha, mas Rainha do Samba). Estão de luto: o samba, a Mangueira, o Botafogo e a Esquerda. Beth foi referência de todos eles e, principalmente, de todos quantos amam o samba, a liberdade, a justiça social e as pessoas que aliam seu talento à luta por uma sociedade nova, sem explorados e nem exploradores. Não, não se pode falar da Beth cantora e compositora, sem falar na Beth Guerreira da Esquerda e das lutas sociais, nunca se omitiu, era definida, corajosa, solidária. Nunca faltou à luta popular.
Ninguém interpretou tão bem e com tanto talento e carisma o samba de verdade, o samba puro, aquele que não faz concessão com o modismo. Beth Carvalho cantou e imortalizou Nelson Cavaquinho, Cartola, Candeia, Carlos Cachaça, Jorge Aragão, Mano Décio da Viola, Dona Ivone Lara e tantos e tantos bambambãs do samba.
Acho que os mais adentrados nos anos recordam dela levando o samba para os palanques das"Diretas Já!". E os mais moços lembram-se dela lutando contra o golpe, defendo Dilma, Lula, a esquerda. Beth Carvalho era definida, sem medo, não fazia concessão com o estupro da liberdade e nem com as injustiças sociais. Como negar que ela era porta-estandarte da esquerda?
Chora, chora o samba, chora a Mangueira, chora o Botafogo (torcedora demais desse time), chora a esquerda e chora o Brasil. Mas certamente, e isso nos conforta, ela deve estar a esta hora no Barracão da Mangueira do Céu, junto com Clara Nunes, Eliseth, Elis Regina, Nara Leão, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus e tantas outras junto com Carola, Nelson Cavaquinho, Pixinguinha, João Nogueira.... Todos entoando seus maiores sambas, começando por aquele, "Quando piso em folhas secas, caídas de uma Mangueira.... Beth não morreu, se encantou. Estrela não morre, muda de lugar. Inté.