OS MIL TENTÁCULOS DA INVEJA

A inveja corrói como mar alucinado, faz mais mal do que a vingança divina.

Seus dentes entulhados de espinhos se cravam no inimigo feito amálgama de aço pra não sair nunca mais.

Ela acaba com amor de irmão, carinho de mãe, acaba com qualquer paz que encontrar pela frente.

A inveja devasta sonhos numa volúpia alucinada, faz secar o sangue, as lágrimas, o suor, o orvalho.

Ela é implacável pra rasgar o lindo, o gostoso, o fértil.

A inveja é cruel em cada passo, em cada respiro, em cada afago.

Ela por vezes se mostra imberbe, frágil, inofensiva, mas por trás dessa carcaça repousa um monstro faminto por novas almas.

Monstro que nunca dorme, nunca vacila, nunca desiste de arrasar com o que vier pela frente.

Algumas invejas vão além da morte e poderão se perpetuar por várias gerações, pois são de tal forma gigantes que uma vida é pouco pra sua vez.

Seu único antídoto é o perdão.

Não um perdão de fachada, mas o perdão que vem dos porões da razão, daquelas catacumbas que só o dono conhece.

Diante desse perdão íntegro, a inveja se amedronta, coloca o rabo entre as pernas, e vai embora, não deixando nenhum rastro como recordação.

Então irmão pode voltar a ser só irmão, mãe voltar a ser só mãe, paz volta a ser só paz.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 01/05/2019
Reeditado em 01/05/2019
Código do texto: T6636367
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