O DESMAMADO

Conta o anedotário que dentro do ônibus a mãe olhava distraída pela janela enquanto dava mamar ao filho. De repente notou a insistência do olhar de um passageiro, em pé, ao seu lado. Perguntou bruscamente:

– O que foi? Nunca viu uma criança mamar?

– Desculpe, dona, não é por maldade não. É que minha mãe morreu quando eu nasci e toda vez que vejo uma criança mamando fico morrendo de inveja, pois nunca tive o prazer de mamar.

Diante de tão comovente explicação, a mãe aquiesceu. Amoleceu o coração. Tornou-se solidária:

– Olha, vou lhe dar meu endereço e amanhã o senhor passa lá em casa que deixo o senhor mamar um pouquinho pra sentir o gosto, tá certo?

Que coração! Quem, senão uma mãe, para ter tanta bondade?! No outro dia o desmamado chegou cedo. A mãe o mandou entrar e sentar-se no sofá. Ela se aconchegou ao seu lado, suspendeu a blusa e lhe deu o peito cheio de leite. Era uma boa vaca leiteira, como se dizia na minha terra quando a mãe tinha muito leite.

Após dois minutos de mamação, ela começou a se excitar. Com a respiração ofegante, gemeu em sussurros:

– Tem certeza de que não quer mais nada? Se quiser, pode pedir!

– Posso, moça?

– Claro que pode! Qualquer coisa... Qualquer coisa meeesssmo!

Ele pensou, pensou... respirou fundo, criou coragem e pediu:

– A senhora tem aí um biscoitinho Cream Cracker?

Tom Torres
Enviado por Tom Torres em 29/04/2019
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