JANELAS NA ALMA...*

O meu Editor Diego Sant’Anna escreveu; “Há novas janelas no interior da alma. Onde os pensamentos surgem como espirais.”, e eu por minha parte, condenado a pensar como sou, como me sinto, senti realçar na minha mente as espirais de Van Gogh no seu quadro Noites Estreladas!
Diante de uma paisagem, concreta ou fictícia, quando um pensamento surge, não temos imediatamente ciência de onde ele vem, ou para que vem, ou para onde vai...
Levados pelo pensamento arraigado na utilidade das coisas, somos arrebatados por estes pensamentos,que a seu turno podem se tornar sentimentos quase que inesperados...
Para mim, a vida é o mote que os cria... Ou que os recria... - Dentro de mim e em todos os lugares.
E por meu amor por livros, e por este amor, penso que em mim estas janelas se abrem mais após eu diluir os textos lidos dentro de mim, de minha consciência que os absorve e os reelaboram... Como bem comenta o poeta Luiz Poeta.
Mas, eu que estou acostumado com o pensamento alheio, sem criticá-lo enquanto o recebo, por ouvi-los oralmente, ou por colhê-los após leituras, fico pensando no que se refere a afirmação positiva do citado editor...
Quanto ás espirais citadas eu entendo que fazem referência ao torvelinho que criam em nossas consciências, ou particularmente na minha!
Mas, nos dias que correm que janelas são estas que se escancaram?
Ou antes, que torvelinhos são estes?
Afinal, o que absorvemos pelas leituras, pelas falas, pelo contato em sociedade, despertam em nós a percepção que teremos delas, ou apenas despertarão, incitarão o que já trazemos dentro de nós?
Estas janelas na alma, já não seriam parte, não fariam parte, de nossa própria constituição enquanto seres?
E naquilo que já estava estruturado, constituído, alguns itens não seriam apenas acréscimos, por exemplo, quando compramos um imóvel novo, a base já existe, as pinturas, os rebocos, os remendos, não seriam só acréscimos que fazemos a nosso bel prazer, e em casos extraordinários, por ingerência de uma necessidade?
Seja como for, assim, somos, em meu pensar, construções que já vem quase prontas ao mundo, as quais serão acrescidas quantas demãos de tinta se necessitar, quantos rebocos se fizerem necessários, e isso se chama aprendizado!
Assim, trago nestes apontamentos, as razões pelas quais amo livros, escrevo livros, divulgo livros, usá-los como ferramentas que abram horizontes, criam estradas, caminhos, nos quais os leitores possam se aventurar a caminhar. É um fato que cada leitor é livre para se decidir quanto ao que quer ler, ou não...
Enquanto Divulgador cultural o meu papel é propor, instigar!
Além do mais, a cada leitura, adquirimos melhores subsídios para limparmos o pó de nossas caminhadas que por ventura tenham aderido ás nossas meninas dos olhos...
Assim, vou seguindo os caminhos das palavras, o ar de mistérios e encantos escondidos em seus significados, e em se tratando de poemas, estou sempre á procura da Poesia! Em se tratando de minhas resenhas, e de minhas crônicas, estou sempre em busca da transmissão de meu jeito de ver e sentir... Enquanto nos poemas tento vestir de roupas de festas, nas crônicas trago-os desnudos, como são a partir de meu sentir e pensar... Quanto ás minhas resenhas, são testemunhos de meus gostos, que talvez a outros possam encantar...
Quantas maravilhas não se escondem por detrás de janelas trancadas ou embaçadas de almas iguais a minha?
Quantas dores, angústias não seriam espanejadas de outras almas tão iguais as minhas?
Quantos conhecimentos, quantos encantamentos não seriam potencializados, de almas estranhas á minha, pelo fato de conhecerem algo além de si mesmas?
Por isso, gosto de livros, por isso escrevo livros!
E a vida é movimento... Sejam bem-vindos os torvelinhos, mesmo que sejam valorizados posteriormente!


Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
22/03/2019

*Ilustração Quadro Noite Estrelada, de Vicent Van Gogh, retirada da net.