Saber escutar os outros
Estamos numa época em que muita gente posa de conselheiro, experts em pitaques na vida dos outros, em falar antes de escutar o próximo. Na verdade há pessoas necessitando ser escutadas, mas raramente encontram quem de fato queira escutá-las, s que encontram vão logo dando opinião, falando pelos cotovelos, sem ajudar em nada, porque quem não sabe escutar os outros não ajuda em absolutamente nada. Só prejudica.
Não gosto de dar palpite na vida dos outros. Detesto. Mas nunca me recusei a ouvir desabafos, confissões e dramas contados por pessoas que estão vivendo problemas. Ouço sem apartear , ouço em silêncio, sem comentar nada. Só meto meu bico no problema se a pessoa me pedir uma opinião, se não pedir permaneço calado e more pra sempre o assunto.
Fico constrangido, triste e revoltado quando presencio pessoas relatando um caso que ouviu de alguém, um relato em off, uma confidência e ainda tem o desplante de dizer que não deixou nem ao menos a pessoa terminar a sua narrativa, foi logo metendo o bedelho. Não, não aguento esse tipo canalhice, estouro na hora, pra mim iso é uma tremenda safadeza.
Acho lindo quando alguém me conta que num momento difícil encontrou um amigo que soube escutar um relato seu, sem comentar e sem depois boatar. Adoro o que escreveu o saudoso professor Rubem Alves:
"O que as pessoas mais desejam é alguém quer as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Se dar conselhos. Sem que digam:'Se eu fosse você'. A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. Afala só é bonita quando ela nasce e uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção". Inté.