Carta a um amigo distante
Carta a um amigo distante
Pensar? Por quê? Criticidade? Reflexão? É preciso falar o óbvio e repetir o mesmo. Filosofar, somente em alemão, pois, aqui, o cálice (cale-se), está estabelecido. Nada de novo. Tudo falado foi cumprido! A roda começou a girar para trás. O medievo é ali e a fogueira começo a queimar. Cuidado! Cuidado, amigo! Há perigo na esquina e eles venceram; por enquanto.
O tecido social está rasgado e cerzir, agora, é uma condição sine qua non, no entanto, os andrajos estão vestindo os corpos esdrúxulos que foram erguidos ontem, contudo, são de antes de ontem.
Calado, amigo! O panóptico foi erguido. Olhos que veem tudo estão arregalados.
Não pense, Brother! Faz mal para os novos tempos! Tempos virtuais e superficiais.
Guarde sua viola, que a música desafinou nos refrães entoados repetidamente pelos quatro cantos, sem canto e em um canto, recolha-se.
Vamos rezar, que é hora de pedir/agradecer, sei lá o quê!
Que livros ler? Não leia! Não reflita! Não e não! Cada conceito é uma receita hodierna. Viva os novos tempos. Viva!
Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo... que país merece o sangue? Ah! Meu caro, está caro demais encontrar uma voz sensata nessa seara. Só há gritos, brados e insultos deblaterando pelas redes e vias e ruas. Onde há alguma coisa interessante nessa vazio argumentativo.
Feche o livro! Recolha-se ao seu charco e, de lá, se limpe da lama que se tornou o aqui.
É, meu amigo, tá tudo escrito nos rascunhos e será lido como obra. Obraram em todos e até aquele que estava limpo, está putrefato.
Silêncio, companheiro! Fale baixinho! Tchau! Estão me vigiando! Caso não me veja nos próximos dias, põe a roupa de domingo e pode chorar, mas corra, que vai chegar a sua vez.
“Vem vamos embora que esperar não é saber...”
Mário Paternostro