JOANA D'ARC, UMA SANTA DIFERENTE

1---JOANA D'ARC, um dos fenômenos mais extraordinários da História, a DONZELA DE ORLEANS, que pode ser colocada entre os maiores heróis franceses, por sua luta no século XV pela causa da França, batalhando contra os inimigos da pátria e também contra a má vontade do Conselho e do próprio Carlos VII. Foi traída, presa, condenada e queimada viva pelos ingleses em 1431, como herege e feiticeira. Dezenove anos depois, em 1450, Carlos II finalmente reconhece o eu papel decisivo para a expulsão do invasor da França e ordena o reexame do veredito condenatório de JOANA D'ARC. Mesmo assim, em virtudes de intrigas políticas e eclesiásticas, a revisão do processo durou até junho/1456, quando o julgamento é anulado e reabilitada a memória da heroína. Depois de 489 anos, em 1920, é canonizada /justiça atrasada!.../ e proclamada padroeira da França.

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2---JOANA DARC: SANTIDADE OU ENFERMIDADE? - Visões e vozes seriam efeitos de epilepsia. As visões que levaram JOANA D'ARC a derrotar os ingleses em Orleans/França e resultaram na coroação de Carlos VII, pode ter sido provocadas por ataques epiléticos, segundo recentes estudos neurológicos na Universidade da Califórnia - na análise atenta dos fatos históricos relativos à GUERRA DOS CEM ANOS, a 'clareza' de um caso típico de ataques parciais complexos. Os ataques se manifestaram na adolescência, consistindo em estados oníricos, com visões de anjos e vozes com mensagens messiânicas sustentam a suspeita da doença; outro argumento é a ausência de comportamento aberrante entre os ataques. A santa-guerreira foi queimada pela Inquisição aos 19 anos no dia 30 de maio de 1431, em Rouen, após julgamento por heresia e feitiçaria diante de um corpo de clérigos franceses que apoiavam a Inglaterra na luta contra a monarquia francesa. O mais sério crime de JOANA foi declarar-se imbuída de inspiração divina. Em 1456, processo anulado, canonização em 1920. Descrições de JOANA sobre as visões no julgamento em 1431... um tipo particular de ataque epilético era detonado pelo badalar dos sinos das igrejas. Pequeno número de epiléticos têm lesões cerebrais no lóbulo temporal anterior, área associada a respostas audiovisuais que provocam alucinações - as vozes que ela escutava era acompanhadas por intensa luz vinda do lado direito, o que sugere a existência de um foco no lóbulo temporal esquerdo. Durante o julgamento, confessou visões associadas a um sentimento triste - estas chamadas auras estáticas (estado de êxtase) experimentadas por JOANA são semelhantes às sensações descritas por FYODOR DOSTOIEVSKY, escritor russo epilético. - FONTE: Rio. jornal O GLOBO, 3/5/90.

3---REFORMA PROFANA - A casa onde nasceu JOANA D'ARC, na aldeia de Domremy-la-Pucelle, região de Lorraine, foi transformada numa residência de subúrbio por conta do programa de restauração do lugar, cortesia da União Europeia. Parte do total de 1,2 milhão de libras esterlinas (R$ 2,2 milhões) usado para cobrir a casa de paredes de pedra com caiação amarela, enfeando o telhado de madeira, cortar duas árvores grandes e desviar um riacho próximo. De acordo com os moradores da pequena aldeia, efeito horrível e completamente desapropriado. Cerca de 60 mil peregrinos de visitantes a cada ano, entre turistas e orgulhoso patriotas franceses e acusam as autoridades de profanação. Em vez de elementos rústicos e simples que inspirem santidade, patriotismo no coração e na imaginação dos jovens, a nova imagem do lugar é um monumento à brutalidade do século XX. O jornal parisiense "Le Figaro" comparou a construção a uma fatia de pão lambuzada de manteiga, mas o arquiteto responsável enfatiza que está fazendo algo historicamente autêntico, a casa estava em péssimas condições, paredes caindo, e usou um tipo de material como era usado naquele tempo. - FONTE: Rio, jornal O GLOBO, 2/11/97.

4---A LUTA DE UMA JOANA DE TODOS OS TEMPOS - Guerreira-heroína-santa-herege-mártir-prostituta-homossexual... alguns adjetivos acoplados a JOANA D'ARC por historiadores e escritores há centenas de anos. Camponesa ingênua na visão do dramaturgo irlandês BERNARD SHAW, texto encenado por JOSÉ POSSI NETO e com CRISTIANE TORLONI em parceria para contar uma estória menos naturalista, pondo em cena várias facetas de JOANA, um dos maiores ícones da História - peça "JOANA D'ARC - A REVOLTA". Joana mais rica porque tem conflitos: não é santinha e não está acima do bem e do mal. É uma heroína contemporânea. Espetáculo baseado no texto "The second coming of Joan of Arc, 1994, escrito pela americana CAROLYN GAGE, paralelo entre Joana e as mulheres de hoje, com base porém nos registros originais do julgamento pela Inquisição que decidiu queimá-la viva numa fogueira por motivos como vestir roupas masculinas, ter jurado que nunca se casaria com um homem e ouvir vozes sem permissão da Igreja, que ela não reconhecia institucional maior que o de Deus. "A Igreja diz que nascemos do pecado - CRISTIANE fala. Que Deus é esse? Um bebê, fruto do pecado? A discussão está espetáculo, outros do julgamento muito contemporâneo." ----- Após viver a trágica SALOMÉ, para a atriz, viver JOANA /completamente envolvida pela personagem.../ é uma libertação; humor muito específico nos autos do julgamento, debochou de 120 pessoas e fez um grande teatro - louca, fantástica, audaciosa, ainda poucos adjetivos. ----- A atriz: "Hoje, a menina de 17 anos sai do interior do Brasil, decidida a resolver todos os problemas do país......... Foi o que ela fez na França, resolver terminar com a guerra 'interminável'. Em 1430, o homem torturava a mulher de uma forma, hoje a tortura é psicológica. Ele tem mil mecanismos para a mulher se sentir inferior (a maior parte do espetáculo presa numa gaiola - 3,5m de altura X 2.5m de largura) que representa o aprisionamento de JOANA diante da autoridade dos homens." ----- O diretor: "Não se trata de um espetáculo feminista. As mulheres podem se identificar, mas o texto provoca os homens pois JOANA tinha personalidade muito masculina, foi chefe de armas - ela era assim mesmo." ----- No espetáculo, cinco atores-bailarinos que assumem diversos papéis quase sem fala: companheiros franceses de JOANA, carcereiros ingleses e personagens do clero. Treinamento da atriz fazendo preparação circense, aulas de esgrima e direção de motocicleta. No início da peça, todos entram em modernas motos. - FONTE: Rio, jornal O GLOBO, 5/3/2000.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 26/04/2019
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