NÃO FUI ATENDIDA NA PSICÓLOGA E FOI A MELHOR COISA QUE ME ACONTECEU
Salas de espera são consideradas em boa parte do universo locais de, como diz o nome, espera. Aquela maçante, tediosa, sem graça, mas salas de espera também podem ser locais de profunda reflexão.
Lá estava minha pequena pessoa na sala de espera da psicóloga, tinha chegado atrasada, torcia para que ela me atendesse no final de suas consultas, mas não deu. O fim do dia foi particularmente esquisito, me sentia agoniada, angustiada, aquela vontade irritante de chorar sem saber o porquê, a tentadora ideia de acabar por definitivo com todas aquelas sensações chatas que, creio, só os seres humanos podem deter, a ciência que me perdoe se estiver falando besteira.
Tinha tudo pra dar errado, mas não deu. Aquele tempo na sala de espera, tentado disfarçar o choro, imaginando uma desculpa caso perguntassem o porquê um ser humano está chorando em bicas por absolutamente nada na sala de espera de um psicólogo, ia dizer que estava gripada, a gente lacrimeja muito nessas horas.
Acontece que, aquela 1:30h sentada, chorando, vendo um monte de gente saindo e chegando acabaram me fazendo um bem inesperado. Não sei explicar bem o porquê, mas de repente o choro secou, aquele caos de pensamentos passou, e já nem entendia mais o porquê daquele monte de sentimento do nada. A cabeça parou e pensou, o coração se acalmou e tudo se encaixou.
Já no fim da tarde, início da noite, a psicóloga percebeu que não vai poder me atender, particularmente parecia mais chateada do que eu. Até tinha conseguido fazer uma coisa que achei que tinha desaprendido a fazer, sorrir, tipo, “essas cagadas da vida né? Que coisa!”, e fui embora, pensando em como essa vida é engraçada e em como a gente precisa ter paciência com a gente. Calma, amigo, o que quer que seja que tem aí, vai passar, se dê um tempo. Procure ajuda, um psicólogo, e uma dica, aproveite bem a sala de espera.