Molhados na praça...

Tínhamos acabado de chegar na minha casa, quase molhados da chuva forte que começara no meio do caminho...

Entramos e quando eu pensei em pegar a toalha para nos enxugarmos, ele disse: - Ei, deixa as coisas aí, vamos tomar banho de chuva!

Eu simplesmente joguei as coisas lá olhei para ele e abri um sorriso e disse: - Vamos! (Eu particularmente gosto muito de surpresas, de coisas inusitadas, e de coisas que para a maioria das pessoas é louco, estranho ou desconfortável; para mim é mágico e maravilhoso!)

Fomos caminhando, conversando, e a chuva forte nos molhava rápido, fomos descalços devagar, nossos passos sincronizavam, nossos sorrisos se colavam e nos olhos se encontravam.

Encontramos uma bica, ficamos debaixo e revezando e conversando.

Mas houve dois momentos únicos lá naquela praça...

Foi quando ele disse, vamos ficar aqui na quadra se deitou e ficou sentindo a chuva. E eu disse: - Já bebeu água da chuva assim? E ele deitado na quadra, abriu a boca e botou a língua pra fora começou a beber a água da chuva e então rimos!

Depois de um tempinho ali, sentindo o gosto da chuva, sentindo na pele sua força e temperatura, sentindo nossa sintonia e afinidade, nos levantamos e voltamos a caminhar enquanto a chuva caía...

Então paramos no fim da pracinha, onde tinha um parquinho de madeira e ficamos analisando se a casinha de madeira nos aguentaria. Risos. Subimos em umas redes e sentamos lá em cima na casinha. Ficamos olhando um para o outro conversando e sentindo o quanto é boa nossa amizade acima de tudo. (Pelo menos é o que eu senti, temos um certo tipo de "amor" mais contido em relação a emoções e sentimentos falados ou demonstrados publicamente, mas só nós sabemos o que temos no íntimo, só nós dois. E na cama não existe ninguém melhor que ele, do que nós dois juntos.) Sentindo nossos corpos encostados um no outro, nossas mentes ligadas, nossa alma de mãos dadas e nossos corações tímidos piscando um para o outro.

Continuamos ali sentados rindo, conversando e admirando um gatinho que por ali passava... Ele me comparou à aquele gato e eu ri.

Estava ficando tarde, ele falou pra voltarmos e voltamos. Mas aquele dia eu nunca vou esquecer, chuva me apaixona e ele me encanta a cada dia e todos os dias. Não tem monotonia, não tem mesmisse ele sempre me surpreende. Ficou marcado. Me marcou. Ele me marcou, como sempre marca. Alí, molhados na praça...

Judy Cavalcante
Enviado por Judy Cavalcante em 24/04/2019
Reeditado em 24/04/2019
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