GATA PRETA, UMA HISTÓRIA DE VIDA...
Nair Lúcia de Britto

 
Já faz uns dezesseis anos que tudo aconteceu. O que me levou a adotar minha gatinha Preta, ainda filhotinha foi uma história muito triste, um dos episódios mais dolorosos da minha vida.
Sei que as pessoas não apreciam histórias tristes, mas me dispus a contá-la para defender todos os animais, os gatos em especial, principalmente os gatos pretos que são vítimas de tanta maldade que infelizmente existe neste mundo.
Foi assim: eu tinha duas gatas lindas. Uma siamesa dourada que eu chamava de Sherry; e outra mestiça da raça persa a quem dei o nome de Jolie, de tão linda que era.
Peguei a Jolie já adulta, com uma sarna horrível, difícil de sarar e muito debilitada. Quando ela me viu, olhou-me com um olhar e um miado suplicantes, para que eu a levasse com ela. Parecia que já me conhecia, e não pude resistir ao seu apelo.
Cuidei dela e, depois de muita dedicação, consegui recuperar sua saúde. Ficou minha amiga e retribuiu o meu gesto com um amor terno, lindo...
As duas gatas gostavam de ficar sobre o capô do meu Uno verde que ficava na garagem, frente de casa. Todos que passavam paravam para vê-las e admirar a beleza das duas. Eu as amava, eram a minha alegria...
Todas as manhãs eu, assim que me levantava, corria para cuidar delas, para depois cuidar de mim. Numa manhã, levantei-me e como de costume chamei-as para saudá-las e alimentá-las...
Foi quando achei a Jolie, já sem vida, no quintal da minha casa, onde ela costumava dormir. Dei um grito de dor, uma dor alucinante que eu não podia aguentar... Em seguida, fui  procurar pela Sherry, mas não estava em nenhum lugar.
Procura que procura, achei-a, finalmente, também sem vida e com a cabecinha enterrada no motor do carro.
Eu fiquei tão desesperada que saí para a rua chorando e caminhando, desnorteada, em volta da Igreja. Eu não entendia o porquê de tanta maldade, e não me conformava em nunca mais ver minhas gatas queridas, me rodeando e me fazendo festa...
Então, uma vizinha, a quem serei eternamente grata , veio me acudir e tomou as providências devidas. Naquela madrugada fatídica, outros gatos também foram envenenados. Sete ao todo, inclusive o gato de uma criança, que também deve ter sofrido muito...
Entrei em profunda depressão durante os meses que se seguiram. Foi quando adotei dois cachorrinhos lindos: a Gigi e a irmãzinha Teka. As duas brincavam juntas no quintal e faziam algazarra durante a brincadeira própria dos filhotes. Eu olhava divertida...
Não demorou muito quando, numa tarde, eu as vi no corredor da casa, que a Teka estava comendo algo que um garoto havia jogado pra ela, pelo muro; e que a Gigi olhava para o alto do muro, esperando ganhar também um naco de comida... Desconfiada, chamei as duas cadelinhas... o garoto, que não cheguei a ver quem era, correu, fugiu... E as cachorrinhas vieram ao meu encontro.
Teka logo adoeceu e morreu em três dias e, o que se passou com ela, fez-me acreditar que tinha comido carne moída com caco de vidro... Para minha grande tristeza, e da Gigi que amava sua irmãzinha. Outro golpe, outra ferida...
Foi nesse ponto que a Preta entrou na minha vida.
A dor era tanta, que não passava; não conseguia esquecer minhas gatas. Numa tarde, senti uma intuição irresistível de sair e procurar um gatinho que eu pudesse adotar e me fizesse esquecer tanta tristeza.

Peguei minha gata Preta ainda filhotinha, numa loja Pet, onde ela estava sozinha numa gaiola, aguardando para ser adotada.
Cresceu, ficou uma gata linda, que adorava passear, companheira e amiga. Fiquei mais contente, tranquila... até que, numa noite de verão, quando eu estava tomando sorvete e assistindo televisão, escutei minha vizinha me chamando, aflita.
Quando fui até ela, mostrou-me minha gata Preta esperneando, se contorcendo e babando...
Também tinha sido envenenada!
O trauma de vê-la naquele estado, imobilizou-me. Chamei uma veterinária conhecida, mas ela não atendia o telefone. Então minha vizinha enrolou minha gata numa toalha e levou-a no colo, a pé, até o veterinário com a ajuda de um guarda-noturno.
Em prantos, fiquei rezando para que Deus salvasse a minha gata Preta, e rezei para que o Dr. Bezerra de Menezes intercedesse por ela.
Minha gata Preta, por um milagre de Deus, foi salva. Foram muitos dias de cuidados para que ela se recuperasse, e se recuperou.

Já estava velhinha, no seu décimo-sexto ano de vida, quando adoeceu, creio que devido as sequelas do envenenamento que sofreu no passado.
Preta foi minha amiga inseparável, meiga, carinhosa; uma das gatas mais afetuosas que eu tive, até que Deus a levou. Depois que ela se foi é que eu senti o quanto eu a amava e quanta falta me faz.
Mas, assim como os humanos, os animais também têm alma, e a fé me dá a certeza que minha gata Preta está bem, num lugar bonito, correndo por uma relva verde e macia, junto com outros gatos; e que o amor eterno nos unirá novamente, algum dia!

 

Escrevi esta história para que os leigos saibam que quando alguém tira a vida de um animal, o grande mal que  está fazendo a um ser puro, indefeso, que só conhece o sentimento de amor no seu coração.
Paralelamente,  o grande sofrimento que causa ao dono desse animal, ferido pela maldade de quem não tem a menor consciência da dor terrível que causa a pessoas e animais inocentes.
Cabe ao poder público proteger  os animais inocentes, dar-lhes pronto atendimento veterinário para todos eles, principalmente aos animais de rua e aos que cujo dono não tem recursos para dar-lhe a assistência necessária.

O que existe é muito pouco. Se até as pessoas estão desamparadas nesse sentido, quanto mais os animais.
A Saúde tem que ser igual para todos. Chega de desigualdade e crueldade para os menos favorecidos e animais indefesos.
Infelizmente, o que acontece atualmente na área da Saúde, e em outras áreas também, é desumano e não é de, forma alguma algo, que atenda as Leis de Deus.           

 
Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 23/04/2019
Reeditado em 23/04/2019
Código do texto: T6630751
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