A minha vida de menino pobre

Eu fui um menino que nunca teve um brinquedo famoso, um carrinho de fábrica, uma gaita importante ou outro qualquer brinquedo caro. As minhas mães adotivas não tinham condição financeira para me darem objetos caros ou mesmo roupa boa. O que mais me deixava triste era ver os meus primos andarem bem vestidos enquanto eu não tinha brinquedo bom, não tinha boa roupa nem par de sapato importante como tinham os meus primos. Menino ainda, comecei a sentir a minha infelicidade como filho órfão e criado num meio pobre. Minhas mães adotivas não me deixavam passar fome, no entanto eu queria ter como meus parentes bons brinquedos, boas roupas, um bom transporte e outras coisas mais. No meio de tudo isto fui crescendo e fui vendo que a vida humana não é boa para todo mundo. Perdi minha mãe quando eu tinha apenas dois anos de idade e daí até hoje não tive felicidade alguma, contudo já me acostumei com as misérias desta vida que tanto nos engana. O que mais me fazia triste era quando eu ia a casa dos meus parentes e o tratamento que me davam por eu ser um menino órfão e não ter o apoio de meu pai e mormente da minha mãe biológica. Minhas mães adotivas me criaram com muita estima, embora a condição financeira fosse pouca e nunca cheguei a passar fome nem cheguei a pedir esmola e por outro lado fui levado à escola muito novo aprendendo a ler e tomando gosto pela vida cultural. Se o dinheiro para mim era pouco, Deus me deu inteligência e muito talento para eu aprender o que eu gostava quase sem nenhum esforço. Meus primos que tinham condição além da minha, não aprenderam quase nada e não tiveram fama nenhuma porque Deus não deu a eles o que realmente me deu. Cheguei aos sessenta anos com a mesma inteligência para ler e conhecer as coisas deste mundo sujo e nojento. Como menino pobre e criado no sertão pobre alcancei algo invejável na minha vida de artista popular.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 23/04/2019
Código do texto: T6630598
Classificação de conteúdo: seguro