O encontro
E foi ali, bem no ponto de ônibus da Rua Salvador Simões, com a Avenida Gentil de Moura, no bairro Vila Dom Pedro I, que presenciei um dos encontros mais alegres que já vi entre duas amigas. Mas hoje o bairro é conhecido como Alto do Ipiranga. Depois que o metrô, um dos maiores símbolos da capital paulista, chegou ao local, vieram novos e melhores empreendimentos imobiliários. Velhas casas, condenadas pelos cupins, foram destruídas para a construção de prédios de alto a médio padrão. Vieram habitantes de renda mais alta, o que permitiu renovar o comércio local. E, eles, provavelmente, também "sugeriram" a mudança do nome do bairro para algo mais nobre, como "Alto do Ipiranga".
Estava esperando um ônibus com meus dois jovens filhos. Era uma ensolarada tarde de dol, do mês de julho. Aquele sol morno e gostoso, do inverno brasileiro. Então, desceu uma senhora, de mais ou menos um metro e cinquenta, forte, cabelos pretos, ondulados, à altura do s ombros, com mais ou menos uns 65 quilos. E, assim que ela desceu, veio ao seu encontro, uma senhora jovem, com mais ou menos um metro e sessenta de uns 50 e poucos quilos. Era mais morena que a amiga. E assim que se viram correram para se abraçarem, se afastavam um pouco, e daí a pouco se abraçavam novamente sorrindo muito uma para outra e dizendo palavras carinhosas, principalmente comuns ao vocabulário nordestino. A impressão que deu era que há muito não se viam e não se falavam, mas muito se gostavam.
Elas se encontraram e pareciam que não enxergavam mais ninguém ao seu redor. O mundo parou para viverem aquele momento tão feliz de um reencontro, em sua existência. Elas foram andando, se dirigindo à casa humilde, da amiga que veio receber a outra no ponto de ônibus, se abraçando, se afastavam para se olharem melhor, ainda segurando as mãos uma da outra.
A assim, sem que percebessem, deixaram em mim um sorriso no rosto ao ver uma amizade tão bela, que deixou no ar atrás delas toda a alegria emanada deste reencontro. E também a vontade de agradecer pelos relacionamentos que tenho, poder, quando encontrá-las, exprimir verdadeiramente esta felicidade tão genuína e simples de amizade sincera.