FALANDO DO AMOR DE PAI
Amor de pai não tem os mistérios da fecundação,
não tem os suores da gestação,
não tem o mérito de dar vida à luz,
não tem a alquimia pra produzir leite bendito.
Amor de pai é enfronhado em outros amálgamas.
Ele se sustenta num emaranhado de atenções sem tradução,
suas garras estão sempre a postos pra acudir,
aplacar nevascas, dominar estouros de manada atrozes.
Amor de pai tem visão de raio X, múltiplas vozes,
infinitos vetores, tantos olfatos quantos forem precisos.
Por tudo isso, é fecundado pelas bênçãos dos céus,
acaba gestando sentimentos que só ele produz,
faz seus cuidados darem vida à luz e ao breu,
e, sobretudo, é pelo seu leite na forma de sêmen
que tudo acontece.