Envelhecimento físico e do espírito
Não é preciso desenhar, todos sabem, principalmente os mais adentrados nos anos que o reconhecimento físico é progressivo, constante. Quando começamos a gastar mais chinelos que sapatos, a encurtar os passos, a ficar muito, mas muito mais tempo em casa do que na rua, quando o pijama vira farda, quando a dieta vira menu único, quando... (deixa pra lá..., rssssss Envelhecer é mesmo ficar em casa, quase encarcerado. Não vou nem falar das doenças, dos achaques inevitáveis da idade avançada (detesto a palavra velhice). Não, não lamento envelhecer. Não, não me envergonho de ser idoso. Nada disso. Mas o envelhecimento me gera um medo, quase pânico. Qual é esse medo tão grande? Sem dúvida a possibilidade do envelhecimento do espírito. Este é diferente do envelhecimento físico. Ele não é progressivo, em câmara lenta, devagar, devagarinho. Ele é instantâneo, de vez, total, pei-buf. Não há como tentar reverter, controlar, requerer pagar em módicas prestações. Infelizmente.
Não sei, nem quero saber, se o envelhecimento do espírito é destino de todos. Acredito que não. Sintomas? Nem tomo conhecimento. Assim sigo lutando, tentando envelhecer com dignidade e, sobretudo, sem envilecer e nem ceder a qualquer tipo de pequenez. Quero envelhecer sem amargar, sem virar vinagre. Tenho, tenho pânico do envelhecimento do espírito. Não quero me tornar um velho rancoroso e mau, infernizando os outros. Inté.