O PÃO

O pão que comemos tem sua origem em tempos tão distantes , mas tão distantes que quase se confunde com o alvorecer da humanidade. Sempre presente em todas as épocas é um alimento fácil de ser feito, nutritivo, saciando a fome de todos que dele se alimentam.

Para fazê-lo basta um bocado de farinha, que pode ser de vários cereais como o centeio, aveia, milho , sendo o mais consumido aquele feito de trigo, acrescenta-se um pouco de água, fermento ,alguns ovos , uma pitada de sal , um fio de azeite , misture tudo, amasse bem, deixe descansar, leve ao forno e em alguns minutos terá em suas mãos um alimento milenar.

Certa vez quando ainda era criança, acompanhei a feitura de uma fornada de pão em um forno de barro. Surpreendente a tecnologia. O forno era daqueles que parecem um pequeno iglu, feito de tijolo e revestido de barro. Pois então. Ele foi preenchido até a boca de lenha e ateado fogo. Depois de algum tempo, a lenha tinha queimado toda, o forno atingira uma alta temperatura. A cinza e a brasa que restaram foram removidas de seu interior. Não era mais necessária, já estava na temperatura ideal para assar o pão que descansava sobre folhas verdes de bananeira.

Com uma pá de madeira semelhante àquelas usadas em pizzaria a massa era depositada com habilidade e cuidado em seu interior por rápidos minutos e logo era retirada já assada.

Dourado, crocante e mais tarde pude conferir: Saboroso e com aquele inocente cheirinho de infância.

O pão é um alimento místico e simbólico carregado em seus ingredientes com muito mais que os signos nutritivos de que o corpo tanto necessita, mais que isso, envolve-se de uma misteriosa energia que alimenta também a alma.

Lembra o trigo que foi ceifado por mãos calejadas lá pelo fim de abril e o início de maio depois da colheita da cevada. Amarrado em molhos foi levado para a eira onde ficava ao vento. A dourada semente separava-se da palha mediante o andar de bois ou jumentos e foi moída pela pesada pedra da mó. Estava pronta a farinha.

Mãos hábeis e delicadas misturaram-na ao leite morno, a água, ao fermento ao mel e o sal.

Sovado foi ao forno e se fez pão.

Foi levado para ser servido no jantar. Era uma sexta feira.

O cardápio também continha o vinho como era de se esperar. Só haviam homens à mesa, o que estava ao centro pegou o pão em suas mãos partiu e o deu aos que o rodeavam.

Saciaram a fome do corpo, pois a do espírito jazia repleta o suficiente para os séculos que viriam.

O pão se fez carne , o vinho se fez sangue , e a sexta feira se fez santa.

Feliz Páscoa.