As flores que lhe trouxeram a primavera
Era manhã de outono. A chuva forte pela manhã deixara o chão encharcado e barrento.
Ao meio dia o sol brilhava e o céu estava bem azul. Ao levar o filho para a escola, Mariana olhou o céu no horizonte e sentiu que o calor traria novas chuvas a tarde. Risco de temporal, estavam noticiando na rádio desde cedo. Filipe ia caminhando com seu passinho decidido, vez por outra ele parava e pegava uma pedrinha no chão ou uma folha trazida pela enxurrada.
Sob os protestos da mãe, ele cantava e até dançava soltando a mãozinha da garra zelosa da sua progenitora. De repente ele vê num pequeno jardim de uma casa, flores coloridas crescidas junto com o mato que brilhava verdejante ao sol, e num impulso infantil ele grita para quem está passando na mesma rua que chegou a primavera. Uma mocinha sorriu e lhe mandou beijinhos, uma idosa atravessava a rua e riu da ingenuidade da criança e um senhor passou sem prestar atenção por que estava apressado demais. Mariana corrigiu o filho dizendo que era outono, a que o garotinho pareceu não se importar.
Nenhum deles pôde ver a primavera que havia, naquele sorriso de criança e em seu puro olhar. A primavera estava nas flores que ele via e elas mudaram para melhor a paisagem do seu dia.