A SEMANA SANTA E A HIPOCRISIA REPETIDA POR MAIS DE 2000 MIL ANOS
Todo ano a tradição se repete. Em alguns lugares começa já na quarta feira santa ou quarta feira maior, como os mais velhos costumam falar. Tudo gira em torno de um simbolismo que muitas pessoas desconhecem seu real significado. Também não sou o melhor indivíduo para falar acerca do tema, mas tenho certeza, assim como você, que reunir a família nesses dois dias do ano não cumpre aquilo que Jesus tentou nos ensinar.
As famílias se encontram, quando isso ainda ocorre, para celebrar a fartura que é colocada sobre a mesa. Mas esquecemos do verdadeiro - isso vem se agravando com o passar do tempo - projeto da Semana Santa que é um período para refletirmos sobre a infinita bondade de Jesus Cristo para com nós. Ao invés disso, fazemos exagerados banquetes em nossas casas, peixes de variados tipos, sobremesas deliciosas, sem contar, claro, com o vinho que não pode faltar nesses dias. O vinho merece um destaque à parte porque ele também o motivo para reunião dos amigos. Geralmente, na quinta-feira acontece pelo país inteiro o baba do vinho no qual a galera enche a cara após cinco minutos de bola rolando.
O festival de hipocrisia envolve também o pobre coelho que vê seus ovinhos sumirem das prateleiras dos supermercados e irem parar nas pequenas mãos das crianças mimadas que disputam com as coleguinhas quem ganhou o avo mais caro. Depois de todas essas guloseimas ainda vamos, tradicionalmente, à igreja rezar e agradecer pela fartura que Deus nos proporcionou. Não nos importam aqueles doentes nos hospitais, aquelas crianças abandonadas, aqueles que buscam as migalhas nos grandes lixões. Estamos ocupados demais saboreando um bom bacalhau e degustando um caríssimo vinho para lembrarmos dessas pessoas que, como disse Manuel Bandeira, parecem bichos famintos.
Tudo bem amigo leitor, não estou julgando, apenas refletindo sobre cultura da qual participamos sem nem perceber. Porém, como sabemos, toda regra tem exceção. O fato é que aquilo que Jesus ensinou por meio das suas práticas enquanto esteve presente fisicamente, é pouco seguido, principalmente na semana santa. Precisamos de mais ação e menos simbolismo. Precisamos olhar mais para os nossos semelhantes, precisamos ajudar mais os nossos semelhantes. Acima de tudo, precisamos praticar mais o bem ao invés de apenas irmos à igreja. Não estou criticando a ida à igreja, mas a sociedade será melhor para vivermos quando as pessoas começarem a praticar aquilo porque Jesus Cristo foi morto. Quanto à fartura sobre a mesa e os caros ovos de páscoa, nada contra, desde que isso seja possível para todas as pessoas. Precisamos de mais ação e menos simbolismo.