PAUSA PARA UMA CONVERSA I: REFORMA TRABALHISTA
No dia 11 de novembro de 2017, entrou em vigor a Reforma Trabalhista, modificando mais de 117 artigos da CLT e das leis 8.213/91 e 13.429/17. Desde os inflamados discursos que popularizaram a já acirrada contenda nas redes sociais não tinha parado para pensar nos seus efeitos sobre os trabalhadores. Bem, isso até o último final de semana, quando acompanhei minha esposa a uma farmácia para comprar alguns medicamentos necessários à nossa saúde.
Ao adentrar no ambiente notei a pouca movimentação de clientes e também de funcionários. Quando frequento recintos em que há atendimento ao público penso logo nas intermináveis filas, com senhas obrigatórias, falta de funcionários para atender a demanda, calor excessivo, e outras coisas que prefiro evitar. Porém, dessa vez parecia tudo tranquilo enquanto caminhávamos diretamente ao balcão de atendimento, percebendo uma funcionária fazendo reposição de medicamentos numa prateleira próxima.
Quando percebeu nossa presenta, ela deixou de lado o que estava fazendo, se dirigiu ao balcão e iniciou nosso atendimento. Pegou a receita, verificou o preço dos medicamentos, foi até outra prateleira buscar os remédios e nos acompanhou ao caixa da loja para concluir a venda. Efetuamos nossa compra e quando nos encaminhávamos para a saída da farmácia, percebemos que a mesma funcionária pegou uma vassoura e pá de lixo para fazer a limpeza do chão da loja.
A funcionária que nos atendeu exerceu quatro funções distintas no espaço de tempo em que realizou nosso atendimento e sabe-se lá que outras atribuições lhe são conferidas. Fincamos admirados com a eficiência da rede de farmácias e dispensamos algum tempo para pensar sobre a condição atual do trabalhador brasileiro diante da Reforma Trabalhista. Será que essa economia de funcionários e pluralidade de funções se reflete nos preços dos produtos que compramos ou acrescenta algo nos salários dos trabalhadores?
Afinal, os preços dos remédios tiveram reajuste recentemente e o salário mínimo não vai aumentar por um bom tempo. A cada dia vemos mais trabalhadores engrossarem os índices de desemprego e aumentarem os miseráveis que se encontram abaixo da linha de pobreza. É só uma pausa para uma conversa, um convite a pensar sobre a sociedade que vivemos e os rumos que estamos dando para nossas vidas e que afetam aqueles que nos cercam, sejamos insensíveis ou não!