Era demasiado cedo da manhã quando íamos comer às vossas mãos. Mãos vivas de oxigênio, de constelações, de oceanos profundos - profundos como só os incêndios podem ser.

À tarde, quando o pensamento estremecia o fundo escuro das casas, descobria-se urgente : pele mais acesa, garras mais afiadas, mantendo nosso olhar embriagado e nada, nada mutável.
Tudo ao seu redor, tudo aos pés de sua essência nos ardia à noite. E que noite nos esperava ! Que noite terrível e criminosa ! 


Bastava uma gota de silêncio para que nos tomasse as horas, os dias, o sangue !

Um criminoso perspicaz a andar sobre a terra, a desfilar imensas luzes azuis, amarelas e púrpuras. Aparecendo e desaparecendo, por entre os vales e montes da nossa encoberta incompletude.
Inegável, trazia uma beleza rara, repentina e aterradora, capaz de despir a alma e queimar a voz, fatalmente.

- O Amor era alheio a compreensões e nos grafava uma doçura instransponível sempre antes de bater a porta .







DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 16/04/2019
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