O DOCE AMARGO DA MALDADE
Policiais militares não raramente se deparam com pessoas nas vias urbanas que relatam como já foram roubadas. Geralmente são cidadãos infratores em motocicleta ou em bicicletas que com grave ameaça ou violência abordam as vítimas e com dizeres, como “perdeu, perdeu...” subtraem bolsas e, na maioria das vezes, celulares que são infelizmente os mais cobiçados objetos de consumo na atualidade. Eles utilizam do produto do roubo como moeda de troca. Infelizmente em certa medida já são dependentes químicos, e fazem de tudo para poderem ter acesso às substâncias entorpecentes. Eles não têm nada a perder. Já estão inseridos totalmente na criminalidade e uma vítima a mais ou a menos não lhes importa.
Muitos devem pensar o porquê de agirem assim tão vorazmente..., por vezes com crueldade e sem demonstrar a mínima solidariedade. Na verdade podemos dizer que os infratores, mais conhecidos como “bandidos”, estão vazios em sua mente, não desenvolveram em seu berço familiar valores sociais, morais e de humanidade. O que pesa em suas cabeças é ter mais para consumir mais. É poder demonstrar para o seu grupo que eles são os “tais”, os maiorais. Pois a despeito de nas comunidades mais carentes existirem em sua grande maioria pessoas de bem, temos também aquelas que somente propagam maldade, sofrimento e ganância sem limites. Clarividente que isso não ocorre somente em lugares desestruturados socialmente. Podemos constatar isso também em pessoas com grandes riquezas materiais, mas que também estão vazias por dentro. São os acumuladores de fortuna e que aspiram isso a todo custo. É o valor do ter em detrimento do ser. É o materialismo e o consumismo exacerbado em prejuízo do equilíbrio mental e espiritual e da falta total de percepção do próximo.
Por isso é tão relevante se preencher de valores e princípios de respeito consigo mesmo e para com o outro. De compreender que não habitamos sozinhos no universo; que o direito de um realmente termina onde começa o do outro. É a inteligência de que “eu existo”, mas que isolados não somos nada. É preciso repartir! Enquanto abarrotarmos nossas mentes somente do que vem de fora, com o que é material e superficial, permaneceremos ocos por dentro. Estaremos sem referência, sem uma verdade voltada à satisfação positiva de se sentir bem, quando o outro igualmente está bem. Sabemos que a maldade parece ser muito gostosa de se fazer; que “ser esperto” perante o outro nos dá a ideia de ser melhor; que dá trabalho fazer a coisa certa. Novamente quem faz o mal indubitavelmente viverá o mal; quem hoje ri por se alimentar de crueldade, amanhã amargará a tristeza. Ser astuto sobre os outros pode ser bom agora, mas no futuro o resultado pode ser a pena máxima na prisão. Então ser para si e para a sociedade requer muito de nós. Pode nos exigir força de vontade, requerer renúncia e esforço além do normal. Todavia mais tarde continuaremos livres para viver o melhor da existência, seremos cidadãos respeitados e mais ainda, teremos a consciência e a certeza de ter contribuído um pouco para uma sociedade melhor.